Reflexão do Evangelho de Jo 17, 11-19 - Oração sacerdotal de Jesus (II) - Quarta-feira 04 de Junho
Reflexão do Evangelho de Jo 17, 11-19 - Oração sacerdotal de
Jesus (II)
Quarta-feira 04 de Junho
Instituído no
sermão da Montanha, o Colégio dos Doze foi se consolidando ao longo da vida e
do ensinamento de Jesus. Ao Apóstolo Pedro é confiado o governo da Igreja e a
função de “confirmar seus irmãos na fé”. Aos Doze, Jesus confere o poder de
“ligar e desligar” e o mandato de perpetuar a eucaristia e o serviço mútuo. Mas
naquela hora, que antecede a sua prisão, Ele roga ao Pai que proteja aquele
pequeno rebanho: “Pai santo, guarda-os em teu nome - este nome que me deste –
para que eles sejam um como nós somos um”. A unidade que existe entre o Pai e o Filho, em
sua missão na terra, envolve a partir de então, fruto de seu perfeito amor ao
Pai, a unidade do Filho com os que o seguem: “Eu neles e tu em mim, diz Jesus,
para que sejam perfeitos na unidade”.
Um rumor chega até o monte das
Oliveiras. Percebendo a perturbação dos discípulos, Jesus deseja prepará-los para
sua partida iminente. Se lágrimas e angústia povoam seus corações, Ele quer que
eles as superem e participem da perfeita alegria, que consiste no fato de ele
entrar, no dizer de S. Ambrósio, “na glória de sua filiação divina”. Alegria
que não nega a cruz, nem os embates e as perseguições por causa do Evangelho e do
anúncio da Boa-Nova. Por isso, em sua bondade e compreensão, o Mestre não pede
ao Pai que os afaste do mundo, mas que os preserve do mal, pois “eles não são
do mundo, como eu não sou do mundo”. Por mundo entende-se o lado negativo e
pecaminoso da vida. Ao invés, a eles cabe a função de atualizar, ao longo da
história, o evento salvador, realizado plenamente pelo Filho Jesus.
Numa linguagem divina, estabelece-se o diálogo
amoroso do Filho com o Pai, visando transportar os discípulos aos umbrais da
sua glória. Debruçado na terra úmida, Jesus ora por eles, ora por nós, para que
também nós sejamos fiéis à nossa vocação. Diante desse momento comovedor, exclama
S. Cipriano: “Tão grande é a bondade e a misericórdia do Senhor em vista de
nossa salvação, que, não bastando redimir-nos com seu
sangue, quis ademais rezar por nós”. A
nós cabe reconhecer nossa absoluta dependência de Deus, expressa nas palavras
de sua consagração ao Pai: “E, por eles, a mim mesmo me consagro para que sejam
consagrados na verdade”. Para que assim, consagrados na verdade, também nós sejamos
enviados a evangelizar.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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