Reflexão do Evangelho de Mt 6, 19-23 - O verdadeiro tesouro - Sexta-feira 20 de Junho

Reflexão do Evangelho de Mt 6, 19-23 - O verdadeiro tesouro
Sexta-feira 20 de Junho

         Jesus falava do Reino de Deus não como uma realidade exterior a Deus, mas como presença de Deus agindo no meio de nós. O Reino é absolutamente superior a tudo o que é transitório e manifesta-se como força renovadora e redentora. O Reino é a próprio Jesus, plenitude da verdade e do amor, único capaz de saciar nosso desejo radical de plenitude e de realização última. Por conseguinte, o Reino não é estranho a nós, pois trazemos latente em nosso coração a lembrança nostálgica da felicidade e da alegria espiritual. Até as pessoas deformadas pelo pecado e penetradas pela malícia sentem atração pela bem-aventurança da terra prometida do Reino de Deus, descrito por Jesus como o verdadeiro tesouro no céu, “onde nem a traça, nem o caruncho destroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam”. Eis a alegria da salvação, isto é, da participação na vida feliz do Pai.
         Tal alegria não concerne simplesmente ao futuro, mas já está em via de realização desde agora, no presente, comunicando-nos paz, segurança e esperança. Todavia, sentimo-nos atraídos pelas riquezas materiais e dispersamos nosso tempo em futilidades e preocupações vãs.
Jesus conhece o que se passa em nosso coração e estabelece uma alternativa, não entre pobreza e riqueza, mas entre plenitude terrestre, temporária, e plenitude celeste, eterna. Ou ainda, entre os bens materiais e os espirituais. De um lado, estaria o falso tesouro ou a avareza, estéril e de antemão condenada por uma morte inevitável; de outro lado, a generosidade que distribui aos outros, aos mais pobres, o que é concedido pela liberalidade do Criador e da natureza. Então, aos nossos ouvidos chegam as palavras de Jesus: “Onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração”.
         A realidade espiritual não pode ser equiparada a nenhuma alegria terrena, que é efêmera e frágil. Mesmo assim, esta alegria adquire um novo sentido quando considerada à luz da mensagem do Senhor, que nos convida a investirmos no que verdadeiramente permanece sem nos prendermos no que dura só o tempo da vida terrena. O tesouro oferecido por Ele é incomensurável: não é simplesmente um salário pelas boas ações, mas é o Reino de Deus, herança imperecível, consumação da história, presença libertadora de Deus “com todas as suas riquezas” (Mestre Eckhart). Orientando seus fiéis, S. Basílio Magno, Bispo de Cesareia, recomenda: “O que tens em tuas mãos, tu deves considerar como não te pertencendo. Por um pouco de tempo tu gozas destes bens, depois eles passam, e te pedirão contas deles. Dizes tu: ‘O que farei? ’ É necessário dizer: ‘Eu saciarei a alma do pobre, eu abrirei meus celeiros, convidarei todos os infelizes. Lançarei este apelo magnífico: vós que não tendes pão, vinde a mim! Que cada um tome a sua parte, como de uma fonte que pertence a todos, dos bens dados por Deus! ”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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