Reflexão do Evangelho de Mt 8, 18-22 - Exigências da vocação apostólica - Segunda-feira 30 de Junho

Reflexão do Evangelho de Mt 8, 18-22 - Exigências da vocação apostólica
Segunda-feira – 30 de junho
        
As palavras de Jesus refletem o fascínio irresistível que Ele exercia sobre todos os que o escutavam falar do triunfo de Deus sobre o Reino das trevas, do pecado e do mal. Inclusive os fariseus e os escribas demonstravam grande respeito para com Ele, denominando-o rabi, Mestre. Ao seu redor, criou-se uma atmosfera de alegria e de amor. Ele era compassivo e misericordioso com os fracos e pecadores, mas exigente com os seus discípulos e seguidores, visando levá-los a superar o comodismo e a estarem prontos para acolher o poder de Deus. Com os hipócritas e vendilhões do Templo, Ele era duro e, por vezes, irônico: “Coam um mosquito e engolem um camelo”. Em todos os momentos, a simplicidade e a serenidade jamais lhe faltaram, o que permite Goethe dizer: “Todos os quatro Evangelhos transmitem um reflexo daquela grandeza espiritual, cuja fonte foi a própria pessoa do Cristo, ápice espiritual mais divino do que qualquer outra coisa no mundo”.
 Certa feita, Ele surpreende um dos discípulos, que lhe pede para primeiro enterrar seu pai. “Segue-me, diz Ele, e deixa que os mortos enterrem os seus mortos”. Como em outras ocasiões, suas palavras são duras, pois seu intuito é transmitir aos ouvintes o conteúdo principal de sua mensagem, cujo pressuposto é ter, em meio às adversidades, os olhos voltados para o alto. Observa S. João Crisóstomo: “Cristo faz tal proibição não para que rejeitemos a honra devida a quem nos gerou, mas para indicar que não há nada mais importante para nós do que as realidades do céu. Por elas devemos nos interessar, com todo o fervor e empenho, sem afastar-nos delas um só instante, ainda que sejam graves e urgentes os motivos que nos levam a estar distantes de Jesus”.
Por conseguinte, a proposta de Jesus é que os discípulos participem de sua vida simples, pobre e humilde, e tenham a convicção de que seus ensinamentos não são puros conceitos e ideias, mas expressam e consolidam o encontro deles com o Pai. Seu objetivo é conduzi-los, através das realidades transitórias e terrenas, às realidades eternas e espirituais. Desse modo, de sua pregação emerge um verdadeiro programa de vida, que evidencia a necessidade de os discípulos trilharem o caminho da renúncia, sem a qual jamais eles poderão alcançar a libertação das paixões desordenadas e dos apegos materiais. Calam-se, no interior do coração deles, as vozes do pecado e do mal, e eles estarão ouvindo, no silêncio do amor, a voz do Mestre, guiando-os à união com o Pai celestial.  Orígenes coloca nos lábios de Jesus a recomendação: “Mortificai o que em vós atrai para a terra, lançai de vós toda ligação com a corrupção da carne, todo mal”. Finalmente, o discípulo livre e sereno poderá entender ou intuir que a misericórdia, presente em Jesus, é a única força capaz de vencer o mal.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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