Reflexão do Evangelho de Mt 5, 1-12 - As bem-aventuranças - Segunda-feira 09 de Junho

Reflexão do Evangelho de Mt 5, 1-12 - As bem-aventuranças
Segunda-feira 09 de Junho

         No alto de uma colina, Jesus sentou-se e como mestre pôs-se a ensinar a multidão que o acompanhava. “E nos corações dos discípulos, salienta São Leão Magno, a mão veloz do Verbo escrevia os decretos da nova Aliança”, para todos os povos. São as bem-aventuranças.
 O termo grego “makários” (bem-aventurado), que corresponde a “baruk”, em hebraico, é empregado para expressar paz, felicidade e bênção. Por oito vezes, Jesus o repete para designar o ideal do verdadeiro discípulo: sua serenidade no tempo presente e a felicidade eterna na visão de Deus. Seu anseio é fazê-lo feliz nesta terra e, especialmente, conduzi-lo à bem-aventurança perfeita do céu, já participada aqui e agora, em meio aos sofrimentos e perseguições. S. Gregório de Nissa define a bem-aventurança como “a vida pura e sem mistura. Ela é o bem inefável, inconcebível, a inexprimível beleza, o poder que está acima de tudo, o único desejo, a realidade sem declínio, a exaltação sem fim”.
Composição em prosa ritmada, as bem-aventuranças não querem expressar um programa para organizar a sociedade, mas estabelecer as condições indispensáveis para participar do reino messiânico. Elas são um admirável apelo à conversão e revelam o que provocou o incêndio do Evangelho em inumeráveis corações: o seguimento de Jesus em sua comunhão com o Pai. Na realidade, as quatro primeiras bem-aventuranças ressaltam o primado de Deus ou o seu reinado, absolutamente superior a tudo o que é passageiro sem, no entanto, desprezar as alegrias terrenas, frágeis e precárias. Elas encorajam os discípulos a participarem da felicidade do Evangelho na liberdade interior, em que as paixões se calam e os impulsos da alma se transformam em caridade. Em outras palavras, invadidos pela luz divina, os discípulos são introduzidos na Terra Prometida, recebida como herança, para trabalharem em favor da paz e compartilharem, na caridade, a vida dos que têm fome e sede de justiça. As quatro seguintes bem-aventuranças proclamam o amor fiel (hesed) dos que vivem as instruções e os ensinamentos do Senhor.
Por conseguinte, nós encontramos nas bem-aventuranças a resposta humana ao amor de Deus, fundamento da salvação e da libertação proclamada por Isaías. Elas são um grito de esperança, pois por elas os pobres em espírito (anawe ruah) experimentam a serenidade, mesmo em meio às injúrias e aos sofrimentos. E na liberdade interior, nossa alma, qual lago tranquilo, reflete o rosto do Cristo misericordioso, puro de coração e promotor da paz. Do mesmo modo, pela fé, somos presença do reinado de Deus, apenas iniciado com a vinda de Jesus.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho