Reflexão do Evangelho de Jo 3, 16-18 – Santíssima Trindade – Um só Deus em três Pessoas - Domingo – 15 de Junho

Reflexão do Evangelho de Jo 3, 16-18 – Santíssima Trindade – Um só Deus em três Pessoas
Domingo – 15 de Junho
    
Desde a antiguidade grega, grande é o desejo de se chegar a Deus, fonte de felicidade. Persegue-se o ideal do Bem e do Belo, pelo qual o ser humano entra em contato com a realidade divina.  O mérito consiste em postular um ideal moral e em colocar a questão de Deus em termos existenciais, que impulsionam o homem a buscar Deus e, mesmo, a imitá-lo. No entanto, em tal visão filosófica, não se concebe a possibilidade de um diálogo com o Ser supremo. 
        Ao invés disso, na revelação divina da Bíblia, Deus se apresenta acessível e estabelece uma relação dialogal conosco. S. Basílio Magno fala de “um discurso do espírito com Deus” para designar a oração, diálogo entre Deus e o homem. Orígenes, grande teólogo, intui que este diálogo, realizado durante a peregrinação terrena, é participação do diálogo eterno “no céu” entre o Pai e o Filho no Espírito Santo. Deus é concebido como plenitude de amor. E ao se revelar, em Jesus, como Pai, ele nos permite entrar, graças ao Espírito Santo, no interior de sua natureza secreta, espaço de amor, espaço trinitário. Pois cada Pessoa divina é um modo único e próprio de dar e de receber a essência divina. Assim, o Filho, gerado pelo Pai, desde toda eternidade, permanece unido a Ele no amor. O vínculo de amor, que os une, é uma Pessoa, o Espírito Santo.
         Orígenes utiliza a imagem da luz para expor o mistério trinitário. O Pai, fonte da luz divina, deseja iluminar todos os corações. Mas, por causa do pecado, o homem encontra-se envolto em trevas. O Pai não desiste.  Em seu amor infinitamente inesgotável, ele envia seu próprio Filho, esplendor da luz divina, que, nascido da Virgem Maria, assume nossa humanidade e anuncia o Evangelho da Salvação. Os que o acolhem serão chamados de iluminados (photismoi), no dizer de S. Justino.
        O Pai, fonte da luz divina, por seu Filho, esplendor dessa luz, ilumina-nos e confere-nos a missão de viver a união com Deus e com os irmãos. No entanto, permanecer nessa luz é dom do Espírito Santo, que nos permite participar da geração eterna do Filho, “pois onde está a luz, escreve S. Atanásio, aí também está o esplendor da luz; e onde está o esplendor, aí está a sua graça eficiente e esplendorosa”. Enfim, realiza-se a vontade amorosa do Pai: a nossa salvação. Pois na gratuidade da ação divina, somos introduzidos no coração da Trindade e nossa vida atinge a sua realização, em que cada um de nós se torna uma “pessoa trinitária”, pela prática concreta e simples do amor fraterno.   


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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