Reflexão do Evangelho de Lc 8, 4-15 - Parábola do semeador - Sábado 20 de Setembro
Reflexão do
Evangelho de Lc 8, 4-15 - Parábola do semeador
Sábado 20 de Setembro
Na
introdução à parábola do semeador, o evangelista fala-nos que Jesus “saindo de
casa, sentou-se junto ao mar”. Sugere a ideia de que, tendo sido enviado pelo
Pai, Jesus saiu de junto de Deus para vir ao mundo e semear a boa semente da
misericórdia e do amor. No entanto, lançada em terra, de acordo com a qualidade
de cada terreno, a semente não encontrará o mesmo destino.
Enquanto
semeava, “uma parte cai à beira do caminho”, terreno “pisado pelos pés de
todos”. “Grão pronto a ser levado pelos pássaros, que são os espíritos imundos”,
segundo S. Cirilo de Jerusalém. Outra parte, “cai em lugares pedregosos”, onde
há pouca terra, “a fé é superficial, evanescente. Logo sucumbe à tribulação ou
à perseguição, por causa da Palavra”. Por não terem raízes, elas secaram. Há as
que caíram entre os espinhos, que representam, segundo S. Jerônimo, “os
corações dos que se tornam escravos dos prazeres e dos cuidados deste mundo”. Estes
sufocam a semente e elas não resistem.
Alguns grãos,
porém, caíram em terra boa e deram frutos, que superam todos os demais pelo
número vertiginoso do tríplice rendimento de cada um deles: em um lugar cem, em
outro sessenta, em outro trinta por um. A luz divina, ainda que vislumbrada
através de uma estreita fresta, dilata prodigiosamente a alma, que se torna um
universo em expansão, irradiando justiça, paz e alegria espiritual. Os frutos
são abundantes.
De modo forte, solene e conciso, Jesus
conclui lançando um apelo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. S. Basílio
Magno diz ser “evidente que alguns possuem ouvidos melhores e melhor podem
entender as palavras de Deus. Mas o que dizer dos que não têm tais ouvidos?
Surdos, ouvi, e vós cegos, vede”. A responsabilidade de acolher bem ou não a
semente é de cada pessoa, pois a terra que a recebe corresponde ao coração de
cada um. Nesse sentido, escreve S. João Crisóstomo, “não tem culpa, nem o
lavrador, nem a semente, mas a terra que a recebe, e mesmo assim não por causa
da natureza, mas por força da intenção e da disposição”.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, o.f.m.
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