Reflexão do Evangelho de Lc 7, 31-35 - Julgamento de Jesus sobre a sua geração - Quarta-feira 17 de Setembro
Reflexão
do Evangelho de Lc 7, 31-35 - Julgamento de Jesus sobre a
sua geração
Quarta-feira 17 de Setembro
A
maneira livre de Jesus se relacionar com a Lei de Moisés provoca desconfiança
nos chefes religiosos do seu povo. Eles o consideram ousado e desrespeitoso por
não observar com estrito rigor as normas rituais e as prescrições da Lei. Talvez
abalados em sua primazia espiritual, chamam-no de glutão e de beberrão, amigo
dos publicanos e dos pecadores. Já anteriormente, João Batista, com vestes
próprias de um profeta e vigorosas repreensões, tinha atraído atenção de todos.
Agora, lá se encontra Jesus, em meio a eles, com seu modo de agir suave,
palavras modestas e pregação tranquila nas sinagogas e praças públicas. Urge a
conversão, mudança de vida, sem deixar de manifestar aos pecadores misericórdia
e perdão. Acostumados a serem tidos como único padrão religioso para todos,
eles o rejeitam e o criticam, falta-lhes a humildade, “sem a qual, comenta S.
Agostinho, não há esperança de salvação”.
Sem
dúvida, a liberdade de Jesus, que está longe de fazer das normas e práticas
exteriores o centro de sua vida espiritual, provoca rejeição e suspeita. Sem se
intimidar, Ele situa o amor a Deus e aos homens acima de todas as prescrições
exteriores e recorda-lhes então uma cantiga de infância. Crianças que brincam
de “casamento” e “enterro” na praça, umas cantando modinhas alegres, outras não
acompanhando; umas entoando lamentações, outras não se interessando, como os
ouvintes de João Batista e de Jesus, indiferentes às suas palavras. Diante de
tal incredulidade, o Mestre suspira com tristeza e pergunta: “A quem, pois, hei
de comparar os homens desta geração?” Segundo o modo semítico de falar, o termo
geração adquire diversos sentidos, indicando, no caso presente, um apelo à
conversão. Pois àquela geração é chegada a hora de Deus, a hora da graça, tempo
propício para festejar com alegria a presença do esposo, que proclama a boa
nova do Reino.
Se a proclamação da boa nova é causa de
grande alegria para os que a ouvem, ela não deixa de ser uma advertência para
os que a recusam. Para todos, vale a exigência: abrir o coração para Deus. Eis
o único caminho para quem deseja cumprir o desígnio divino de salvação e
reconhecer que o Filho veio não para condenar, mas sim para salvar. Amigo dos
pecadores, Jesus sente uma espiritual impaciência de conduzir todos à comunhão
de vida com o Pai.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, o.f.m.
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