Reflexão do Evangelho de Mt 18, 15-20 – Correção fraterna - Domingo 07 de Setembro
Reflexão do Evangelho de Mt
18, 15-20 – Correção fraterna
Domingo 07 de Setembro
Nesta passagem, Jesus fala aos seus discípulos sobre a liberdade
espiritual necessária para restaurar a boa convivência e a amizade entre as
pessoas. E mostra que não se trata simplesmente de um procedimento social ou de
uma reconciliação da boca para fora, mas de uma atitude mística, nascida da
comunhão com Deus. Aquele que trouxer o amor (ágape) divino, em seu coração,
jamais abrirá espaço para algo que possa prejudicar a vida de seu semelhante.
Ao contrário, será abençoado por uma harmoniosa relação entre o espírito e a
graça, que o conduzirá à união com Deus, fonte de íntimo e verdadeiro respeito
para com todos. A paz e a união devem prevalecer sempre. A vigilância dos
homens em relação a isso há de ser constante e não menos incessante o desejo da
correção fraterna: reorientar para Deus aquele que errou ou praticou o mal.
O modo como Jesus apresenta a correção fraterna aos discípulos – e
podemos nos incluir entre eles – é bastante simples. Exige apenas um pouco de
sensibilidade e delicadeza. Para alcançá-la, há três etapas possíveis. Na
primeira, tentamos resolver a questão pessoalmente e se não tivermos sucesso,
podemos contar com a ajuda de mediadores, amigos ou parentes, que servirão de
agentes e testemunhas da reconciliação. Se ainda assim fracassarmos, podemos
recorrer aos representantes da Igreja. Neste caso, entra a função sacramental
do sacerdote.
De fato, temos a obrigação de repreender
imediatamente nosso irmão para que, ao nos fazer o mal, ele não permaneça no
pecado. Escreve São Jerônimo: “Não só temos o poder de perdoá-lo, mas somos
obrigados a fazê-lo, pois nos foi ordenado perdoar os que nos ofenderam”.
Aquele que pensa ser mais fácil esquecer a ofensa e deixar o pecador entregue ao
seu próprio destino está bastante enganado. O que deve nos mover é o desejo de
realizar em nosso irmão uma mudança de conduta que transforme sua vida. Caso
ele não nos escute, nem mesmo diante de duas ou três testemunhas, melhor seguir
a recomendação de Santo Agostinho: “Ainda que ele não seja considerado mais,
pela Igreja, como um dos teus irmãos, nem por isso deixes de te preocupar com a
sua salvação”.
Em outras palavras, nossa vida fraterna
se apoia no infinito amor de Deus, compartilhado por todos nós. Amor
não possessivo, mas impregnado de respeito e de afeto desinteressado, que nos
leva a sair de nós mesmos para sentir o outro e, com ele, estabelecer a vitória do bem sobre o mal. Dissolve-se então em nós
o rancor, o ressentimento e o ódio, e o amor ao próximo torna-se sempre mais
vigoroso em nossos corações. Uma de suas expressões será a correção fraterna.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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