Reflexão do Evangelho de Lc 9, 1-6 - A missão dos Doze - Quarta-feira 24 de Setembro
Reflexão do
Evangelho de Lc 9, 1-6 - A missão dos Doze
Quarta-feira 24 de
Setembro
Um
dia, Jesus participava de uma festa de casamento e, alertado por sua mãe,
percebe o constrangimento do dono da casa, pois acabara o vinho. E para que o
organizador da festa não se envergonhasse e os convivas não se entristecessem,
Ele manifesta, pela primeira vez, o seu poder. O fato impressiona seus
discípulos, que tinham deixado as redes sem hesitar para segui-lo. Mais tarde,
Jesus escolhe dentre eles doze Apóstolos e os “envia a proclamar o Reino de
Deus e a curar”. Com ênfase, recomenda-lhes que nada levem consigo, pois Ele os
quer livres de todo apego aos bens materiais e de toda preocupação em obter
posses terrenas. A partir daquele dia, eles viverão desapegados de tudo, sem
preocupações como os pássaros do céu.
No entanto, nas
areias áridas do desprendimento e da renúncia, suspirando por um refrigério, eles
vislumbram no horizonte, num oásis de paz, o vulto do Senhor, que os proverá.
“A glória deles, reflete S. Cirilo de Alexandria, não é a de não possuírem nada,
mas a de se colocarem nas mãos divinas”. A renúncia alcança então seu sentido original
de adesão pessoal e profunda a Deus, o que lhes permite contemplar, no
cumprimento da missão confiada pelo Senhor, a aurora da alegria sobrenatural. Como
discípulos, fiéis seguidores de Jesus, eles se assemelham Àquele que lhes “ordena
dar gratuitamente o que gratuitamente eles tinham recebido”.
Ao
mandato de dar gratuitamente corresponde a ordem de evangelizar, fruto não de
um capricho, mas do amor, “energia divina”, que inflama a alma sem cessar e a
reúne a Deus pela força do Espírito Santo. O verdadeiro milagre não foi o que
eles testemunharam na festa de bodas, mas é aquele que se realiza em seus
corações e faz, séculos mais tarde, S. João Clímaco exclamar: “Tu feriste minha
alma, ó Amor, e meu coração não pode suportar tuas chamas. Avanço,
louvando-te”.
Tomando-os à parte,
Jesus confia aos Apóstolos sua própria missão terrestre, enviando-os “às
ovelhas perdidas da casa de Israel”. Na simplicidade e despojamento, eles hão
de realizá-la “em nome do Cristo”, que agiria neles e por meio deles. Experiência
misteriosa e única. O Mestre garantia que a doação generosa aos seus
semelhantes seria sintoma do verdadeiro amor a Deus, que pacificaria suas almas
e os purificaria no cadinho do “amor insaciável”. Eles recebiam o poder de
comunicar a paz do Senhor aos que fossem dignos dela e de imitar a doação
gratuita de sua vida ao Pai e aos irmãos. Na eternidade, essa generosidade iria
se manifestar na participação da Glória de Deus.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, o.f.m.
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