Reflexão do Evangelho de Lc 7, 11-17 - Ressurreição do filho da viúva de Naim - Terça-feira 16 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Lc 7, 11-17 - Ressurreição do filho da viúva de Naim
Terça-feira 16 de Setembro

       Dois cortejos encontram-se, um seguindo o enterro do filho de uma viúva e outro acompanhando o Senhor. A morte e a vida. O evangelista destaca aspectos comoventes: o morto é um jovem, filho único de uma viúva. Jesus não passa ao largo. De sua parte, não há desinteresse ou abandono, mas acolhimento. Vendo-a, Ele “ficou comovido e disse-lhe: ‘não chores’”, vulto humano de um Deus solidário a nós, verdadeiro homem, e homem de coração. Movido em suas entranhas, mais do que simples pesar ou dor por aquela mulher, Jesus manifesta a imensa ternura de Deus diante da miséria humana. Ele teve compaixão ao ver a multidão que vagava qual rebanho sem pastor, como também ao ouvir as súplicas do cego de Jericó. Compaixão do Bom Samaritano, como também a do pai diante do filho pródigo. Agora, neste episódio comovedor, a misericórdia divina toma a dianteira, antes mesmo que a fé peça o milagre. Admirado, escreve S. Cirilo de Alexandria: “Observa como ele une milagre a milagre. No primeiro caso, na cura do servo do centurião, ele atende a um convite, mas aqui ele se avizinha sem ser convidado. Ninguém lhe pediu para trazer à vida o morto, mas ele o faz por iniciativa própria”. 
Só com a sua presença, Jesus trazia paz e esperança ao coração daquela mulher, que se sentia só e insegura. Naqueles tempos, a condição de vida de uma viúva era precária e ela dependia para tudo de seus filhos homens ou dos parentes do marido. “A história de Cristo, destaca Chesterton, é a história de uma viagem – diria – a história de uma campanha, de uma expedição”, que nada tem a ver com o conformismo ou com uma visão estática da bem-aventurança futura.  Num impulso espontâneo, Jesus vem em socorro da mulher.           
       Jesus é tão humano, que não pode senão ser Deus. E é como Deus que Ele ressuscita o filho da viúva mediante uma simples palavra: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” O verbo levantar-se remete à Ressurreição de Jesus (1Cor 15,4; At 3,15). Igualmente, sugere o fim dos tempos (Lc 20,37) e também a ressurreição espiritual realizada “pelo despertar” do batismo (Ef 5,14). A ressurreição física do filho da viúva de Naim anuncia todas as ressurreições que hão de vir, inclusive a ressurreição da morte para a qual o pecado nos arrasta. Santo Ambrósio assinala que “mesmo se há pecado grave, do qual não podeis vos lavar por vós mesmos pelas lágrimas do arrependimento, por vós a Igreja como mãe chora e intercede por todo filho como a mãe viúva por seus filhos únicos, sobretudo ao ver seus filhos atraídos para a morte por causa dos vícios funestos”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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