Reflexão do Evangelho de Lc 6, 1-5 - A colheita das espigas - Sábado 06 de Setembro
Reflexão do
Evangelho de Lc 6, 1-5 - A colheita das espigas
Sábado 06 de Setembro
O Sábado encerra o ritmo sacro da
semana com um dia de encontro cultual e de repouso para todos, escravos e
livres. Ele é, particularmente, um dia reservado à oração e à meditação,
alimentos necessários à alma, e também ocasião para celebrar a bondade de Deus
e a grandeza de sua obra criadora. Mas havia aqueles que o consideravam de modo
muito estrito, e exigiam a sua observância em todo seu rigor. Estes são os escribas
e fariseus, que ficam escandalizados quando veem os discípulos de Jesus,
movidos pela fome, desrespeitar o sábado, colhendo milho para comer.
Diante do protesto dos fariseus, Jesus pergunta-lhes: “Não lestes o que
fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, como entrou na casa
de Deus e comeu os pães da proposição?” Ora, um dos rituais do Templo na época
de Jesus era o dos doze pães da proposição, colocados no altar e substituídos
todos os sábados por outros recém-assados. Apenas os sacerdotes podiam
comê-los. Com estas palavras, o Mestre quer deixar claro que, antes de qualquer
norma e prescrição legal, vinha a misericórdia. Aos famintos, que se lhe deem o
que comer, mesmo que sejam espigas de milho colhidas no sábado consagrado ao
Senhor: “Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado!”
Jesus não ab-roga a lei do sábado, mas censura a importância exagerada e
o rigorismo dos fariseus, pois o sábado não é para ser visto como uma exigência
arbitrária e tirânica, mas como um dia da semana que proclama e recorda a todos
a disposição benevolente de Deus para proteger o homem em sua vida e em seu
trabalho. Jesus não incita a trabalhar no sábado, no entanto, quer fazê-los
compreender que o sábado jamais exclui as obras de caridade e os atos de
misericórdia para com o próximo. Por isso, voltando-se para os fariseus, que
hostilizam os discípulos, afirma “que no dia de sábado é permitido fazer o
bem”. Aliás, pouco antes, Ele havia dito: “O sábado foi feito para o homem, não
o homem para o sábado”. Mas parece inútil esse seu esforço para explicar-lhes
que ajudar o próximo é sempre meritório e agradável aos olhos de Deus. Eles permanecem
irredutíveis. Mas sem se perturbar, logo em seguida, Ele cura a mão atrofiada
de um homem que estava na sinagoga. Isso em pleno sábado.
Assim, as atitudes de Jesus deixam entrever o Novo, que remete todos,
inclusive os fariseus, “à prática das obras de misericórdia que Deus espera de
todos nós” (São Cirilo de Alexandria). O zelo pela observância do sábado não é
motivo de cegueira. Simplesmente, Jesus coloca acima dele a prática da caridade
e do bem. Por conseguinte, não se despreza o antigo edifício, constrói-se o
novo, no qual presidem a caridade, a fé e a atitude espiritual interior, manifestada
na prática do bem e do amor fraterno.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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