Reflexão do Evangelho de Lc 6, 20-26 - As bem-aventuranças - Quarta-feira 10 de Setembro
Reflexão
do Evangelho de Lc 6, 20-26 - As bem-aventuranças
Quarta-feira
10 de Setembro
No alto de uma colina, Jesus sentou-se e
como mestre pôs-se a ensinar a multidão que o acompanhava. “E nos corações dos
discípulos, salienta São Leão Magno, a mão veloz do Verbo escrevia os decretos
da nova Aliança”, para todos os povos. São as bem-aventuranças.
O termo grego “makários” (bem-aventurado), que
corresponde a “baruk”, em hebraico, é empregado para expressar paz, felicidade
e bênção. Por oito vezes, Jesus o repete para designar o ideal do verdadeiro
discípulo: a serenidade no tempo presente e a felicidade eterna na visão de
Deus. O desejo de Jesus é comunicar aos discípulos a paz nesta terra e,
especialmente, conduzi-los à bem-aventurança perfeita do céu, já participada
aqui e agora, em meio aos sofrimentos e perseguições. Nesse sentido, a
bem-aventurança é definida por S. Gregório de Nissa como “a vida pura e sem
mistura. Ela é o bem inefável, inconcebível, a inexprimível beleza, o poder que
está acima de tudo, o único desejo, a realidade sem declínio, a exaltação sem
fim”.
Composição
em prosa ritmada, as bem-aventuranças não querem expressar um programa para
organizar a sociedade, mas estabelecer as condições indispensáveis para
participar do reino messiânico. Elas são um admirável apelo à conversão e
revelam o que provocou o incêndio do Evangelho em inumeráveis corações: seguir
Jesus em sua comunhão com o Pai. Na realidade, as quatro primeiras
bem-aventuranças ressaltam o primado de Deus ou o seu reinado, absolutamente
superior a tudo o que é passageiro, sem desprezar as alegrias terrenas, frágeis
e precárias. Os discípulos são encorajados a deixar-se guiar pela liberdade
interior, em que as paixões se calam e os impulsos da alma se transformam em
caridade. Então, invadidos pela luz divina, eles são introduzidos na Terra
Prometida, recebida como herança, para trabalhar em favor da paz e compartilhar,
na caridade, a vida dos que têm fome e sede de justiça.
As
quatro seguintes bem-aventuranças proclamam o amor fiel (hesed) dos que vivem
as instruções e os ensinamentos do Senhor. Por conseguinte, as bem-aventuranças
são a resposta humana ao amor de Deus, e expressam o grito de esperança, que os
pobres em espírito (anawe ruah) dirigem a Deus. Vivendo-as, eles atingem a
liberdade interior e suas almas, qual lago tranquilo, refletem o rosto do
Cristo misericordioso, puro de coração e promotor da paz. Eis a presença do
reinado de Deus, apenas iniciado com a vinda de Jesus!
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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