Reflexão do Evangelho de Lc 6, 39-42 - As condições do zelo - Sexta-feira 12 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Lc 6, 39-42 - As condições do zelo
Sexta-feira 12 de Setembro

       O perdão misericordioso de Jesus surpreendia os homens da Lei, escribas e fariseus. Mas também os seus discípulos ficaram perturbados ao ouvi-lo dizer: Quem experimenta a misericórdia divina está pronto a perdoar e a ser benévolo para com todos. Não conseguiam entender as suas palavras. Para esclarecê-los, Ele conta uma parábola, iniciando-a com a pergunta: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos num buraco?”
Ao ouvi-lo, os doutores da Lei, impenetráveis aos seus ensinamentos, ficaram incomodados, apesar de as palavras de Jesus também serem dirigidas aos discípulos, que tinham recebido a missão de ser “luz do mundo”, anunciadores do Evangelho. Aliás, S. Beda os compara “a um homem bom que transmite o bem do bom tesouro do seu coração”, diferentes dos que, inebriados pela ambição do poder ou pelo sentimento de superioridade, permanecem cegos em seu coração.
       Pouco a pouco, os discípulos compreendem que ser fiel à missão, que lhes foi dada por Jesus, é ser presença da sua compaixão e do seu amor pelo mundo. Assim, eles exortam e buscam corrigir os que erram e pecam, sem deixarem de ser benévolos em seus julgamentos. Alimenta-os a convicção de que para vencer o mal nos outros, eles terão de vencê-lo antes em si próprios. Ao invés deles, o escriba ou o fariseu, guiado pela autossuficiência, considera grandes os erros mínimos do irmão, enquanto vê como pequenos os seus próprios grandes erros. A este, de modo áspero, Jesus diz: “Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita, tira antes a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”.   
Comentando estas palavras, S. Agostinho observa: “Alguém pecou por cólera, e tu o repreendes com ódio. Há grande diferença entre cólera e ódio, assim como entre um cisco e uma trave. Pois o ódio é a cólera entranhada: com o tempo, ele adquire tanta força que de cisco poderá se transformar em trave. Se tu só te irritas, tu podes ter a boa vontade de corrigir o culpado; mas se tu o odeias, tu não podes querer sua emenda. Lança para longe de ti teu ódio: e então, este homem que tu amas, tu poderás corrigir”. A vaidade e o egoísmo distorcem a verdade. Portanto, ao eliminar a trave do seu olho, o fariseu estará permitindo que o amor de Deus habite em seu coração e o seu julgamento será mais indulgente. Pois suas admoestações nascerão do reconhecimento da pequenez de sua vida terrena, purificada no cadinho da confissão de sua condição pecadora.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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