Reflexão do Evangelho - Domingo 01 de Março
Reflexão do Evangelho
Mc 9, 2-10 - Transfiguração
do Senhor
Domingo 01 de Março
A fonte de inspiração e a referência essencial
de nossa vida cristã é a nossa solidariedade com Jesus, melhor, a inclusão nele
de nossa humanidade regenerada. Nossa vida, morte, dor e sofrimento estão
incluídos na obra redentora de Jesus, pela qual somos reconciliados com o Pai. Sua
ressureição é a vitória definitiva do primeiro de todos os homens e primícias
de todos os outros. É o triunfo final da Verdade e do Bem, presentes em Jesus
de Nazaré.
Mas a luz de sua
glória ilumina não só o futuro; o cristão torna-se presença do Ressuscitado,
pois, na humanidade de Cristo, transparece o que cada ser humano pode e deve se
tornar. Assim, na transfiguração, evidencia-se a certeza de que o homem, caído
em Adão, reergue-se em Jesus e participa, desde já, da verdadeira vida, da vida
eterna. A única exigência é compreender o benefício de crer sem ter visto.
No
alto da montanha, contemplando a face do Cristo transfigurado, os Apóstolos sentem-se
inebriados, e, pasmos, desejam perpetuar aquele momento: “Façamos três tendas,
uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Emocionados, veem Jesus falando com Moisés, o
grande legislador de Israel, e com Elias, o maior dos profetas. Partilham da glória
de Cristo. De fato, no contato com os Apóstolos, a humanidade de Jesus, longe
de se evaporar na glória celeste, permite-lhes contemplar a luz eterna de sua
divindade e compreender que, em sua vitória, o ser humano é chamado a se
reerguer, pois desde agora, misteriosamente, ele já é vencedor. No Messias
humilhado e sofredor da cruz, também nós, não deixamos de contemplar o Filho do
Homem, que nos conduz ao Reino misericordioso do Pai.
Realidade consoladora
e reconfortante, que leva o Apóstolo Pedro a exclamar: “Rabi, é bom estarmos
aqui”. Experiência de união mística com Deus. Mais tarde, extasiado, S.
Gregório Palamas confessa: “Se o corpo deve tomar parte, com a alma, dos bens
inefáveis no século futuro, é certo que também deles deve participar, na medida
do possível, desde já”.
Em suma, a transfiguração
de Jesus assegura-nos a manifestação final das Primícias, quando Deus será tudo
em todos. Pela misericórdia divina, os corpos dos bem-aventurados, na medida de
sua fé e de suas obras, de sua esperança e de sua caridade, tornar-se-ão
semelhantes ao corpo glorioso do Senhor. Lá, no alto do monte Tabor, engalanado
de luz, Jesus prenuncia o nosso estado glorioso no céu, onde o brilho da alma,
na comunhão com Deus, tornará nossos corpos ressuscitados “gloriosos”, livres
dos incômodos terrestres e participantes da glória de Deus. Realizam-se as
palavras do Apóstolo: “Cristo em vós, esperança da Glória” (Col 1,27).
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