Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 25 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho
Lc 11, 29-32 - O sinal de Jonas
Quarta-feira 25 de Fevereiro

         Por que as palavras de Jesus causavam estranheza às autoridades da época? Ele acabara de falar do amor a Deus e aos homens, mais importante do que as múltiplas tradições e prescrições humanas. A ira deles aumentava a cada momento, mas Jesus não se deixa intimidar, com firmeza e serenidade, Ele declara ser presença do amor benevolente do Pai. Os escribas e fariseus, em sua incredulidade, não confiam em suas palavras e revelam certa aversão, que bem pode refletir uma ponta de inveja, porque até então eles se tinham como único padrão e critério da verdade e da ortodoxia. Não obstante isso, eles lhe pedem um sinal do alto.
A resposta de Jesus, calma e desafiadora, remete-os ao profeta Jonas, que Ele apresenta como figura de sua morte e ressurreição. O povo de Nínive, descrito em seu processo de penitência e conversão, simboliza o novo Povo de Deus, instituído por Ele. Mas inebriados pelo orgulho e pelo sentimento de superioridade, eles não conseguem entendê-lo e alguns chegam a afirmar que as palavras e sinais realizados por Ele eram obras do demônio. A resposta de Jesus é imediata. Com palavras duras e severas, Ele os compara a uma geração adúltera e perversa. A ira deles aumenta ainda mais, mas Jesus, sem se alterar, continua a anunciar a vitória da graça divina.
Contudo, o poder de Jesus é o poder do amor, e o amor respeita a liberdade do outro. Sem reconhecer a Verdade de Deus, presente junto a eles, fariseus e escribas não creem em suas palavras e se afastam com ares ameaçadores. Outros creem em suas palavras e se estreitam em torno dele. Estes eram guiados pela liberdade da fé, que descerra a cegueira interior do coração e permite contemplar, refletida nas Palavras do Mestre, a grandeza da misericórdia divina. Da mesma forma que o povo de Nínive, diante da pregação de Jonas, orienta-se para Deus, também eles entregam-se à Palavra de Jesus, que os exorta à penitência e ao arrependimento. Ao invés, assim como João Batista foi rejeitado, também agora os fariseus e escribas não acolhem os sinais realizados pelo Messias, o Ungido de Deus, e recusam a sua mensagem.

       Escreve S. Pedro Crisólogo: “A fuga do profeta Jonas é figura do próprio Senhor. O terrível naufrágio simboliza sua morte e ressurreição. Aos judeus que pediam um sinal, Ele decidiu dar um único sinal, para que eles soubessem que a glória messiânica é transferida às nações, a todos os povos. Portanto, com toda justiça, conclui Jesus, os ninivitas hão de se levantar no dia do Julgamento e condená-los, pois eles fizeram penitência por força da pregação de um único profeta. E esse profeta era um náufrago, um estrangeiro, um desconhecido”. No presente momento, urge corresponder à Palavra de Jesus, que, segundo Orígenes, “oferece não dons corruptíveis como o ouro ou os aromas, mas sim o perfume espiritual da fé, o suor da virtude e o sangue do martírio”.  

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