Reflexão do Evangelho - Domingo 22 de Fevereiro

Reflexão do Evangelho
Mc 1, 12-15 - Tentação de Jesus no deserto
Domingo 22 de Fevereiro

O batismo de Jesus assinala ser Ele o verdadeiro “Ungido”, o eleito de Deus. De fato, Deus vem a nós e, no seu amor, entra em nossa história e, na pessoa de seu Filho Jesus, estabelece seu Reino de amor e de paz. Eis a missão de Jesus! Antes de iniciá-la, Ele sente necessidade de um tempo de jejum e de oração. Escreve o Evangelista S. Marcos: “E logo o Espírito o impeliu para o deserto. E ele esteve no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás”. O deserto era considerado um lugar de recolhimento e de oração, e, popularmente, era também visto como um espaço reservado ao espírito maligno. Para os monges, ele constituía o lugar de combate espiritual para poder “saborear a doçura de Deus em uma sensação de total liberdade interior”. Em humilde abandono, eles suspiravam: “acendamos em nós o fogo divino entre esforços e lágrimas”. Convite para não se deixar dominar pela ideia de um agir autônomo, supérfluo e ilusório, mas para se colocar do lado de Deus.
       A tentação pretende, principalmente, purificar e provar se alguém está ou não devidamente preparado para realizar a missão que lhe foi designada. Na história bíblica, o exemplo incisivo é o de Abraão, provado em sua fé, antes de receber a promessa de ter “uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e quanto a areia que está na beira do mar” (Gn 22,17). No deserto, confiando no Pai, Jesus mostra-se fiel à sua missão, numa luta incessante, não diretamente contra o mal, mas contra as ilusões e pretensões de um futuro melhor, que lhe é apresentado pelo tentador como algo concreto e real. Para Ele, Deus não é uma ilusão, Ele é o seu Pai, aquele que o enviou como redentor e salvador da humanidade. Em Jesus, as tentações ou as tentativas para desviá-lo do cumprimento da vontade do Pai transformam-se, ao invés, em manifestação do que é pertencer a Deus e ser fiel à missão, conferida por Ele. Nesse sentido, as tentações preanunciam as contradições, acusações e ataques que Jesus sofrerá ao longo de sua vida pública. O que é também significado pelo número quarenta - “depois de ter jejuado 40 dias e 40 noites” – o que nos remete aos 40 anos de Israel no deserto, tempo de intimidade com Deus, e aos 40 dias que Moisés passou no monte Sinai.
       Com efeito, as tentações precedem as acusações e os escárnios de seus inimigos, que ocorrerão durante sua missão e junto da cruz: “Se tu és o Filho de Deus, então desce da cruz...”. Agora, o tentador pede que Ele transforme pedra em pão. Ora, “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”, diz Jesus. Assim, caso abramos o coração à Palavra de Deus, Ele saciará a fome de nossos corações e nos impelirá a partilhar o pão com os que passam fome. A segunda tentação fala-nos das vezes muitas em que seus adversários, em sua vida pública, demandam-lhe um sinal para provar sua identidade, como agora o tentador lhe pede para “lançar-se do alto do Templo, para que os anjos o tomassem pelas mãos”. “Não tentarás ao Senhor teu Deus”, responde Jesus. No momento oportuno, segundo os desígnios divinos, Ele saltará não do pináculo do Templo, mas, num ato de amor para com os homens, Ele descerá ao abismo da morte para ser acolhido pelas mãos do Pai, que o ressuscitará ao terceiro dia. Finalmente, no alto do monte, o tentador irá lhe oferecer as riquezas materiais do mundo. A resposta do Senhor: “Ao Senhor teu Deus adorarás e a Ele só prestarás culto”, transporta-nos a outro monte, em que Jesus falará das bem-aventuranças, fonte das riquezas do amor e da misericórdia divina.

A tentação perde sua força e a tentativa de desviá-lo do Pai se esvazia, pois o verdadeiro bem do homem, reafirma Jesus, é Deus. O tentador é vencido. Mais tarde, os discípulos, também as multidões, serão tocados por um temor sagrado diante do poder sobrenatural que sua presença irradia. Às sugestões do demônio, Ele refuta com as palavras das Escrituras, não se deixando seduzir pela atração do poder, do prazer e das glórias humanas. O demônio sente-se derrotado. Vitória de Jesus, manifestada ao longo de sua missão, não unicamente pelos milagres, mas, particularmente, pela ação de sua Palavra, convertendo os corações e renovando a vida de multidões. 

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