Reflexão do Evangelho - Domingo 15 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
Mc 1, 40-45 - Cura de
um leproso
Domingo 15 de Fevereiro
Um leproso se aproxima de Jesus e suplica: “Senhor, se queres, tens
poder para purificar-me”. Pela Lei mosaica, a lepra era considerada uma doença passível
de excomunhão. Quem a contraísse seria excluído do convívio comunitário e se,
por acaso, alguém fosse curado, ele devia submeter-se ao rito de purificação. Por
isso, ao milagre da cura de um leproso, sinal dos tempos messiânicos, liga-se a
purificação.
Apesar de tantas restrições e normas, o leproso
não hesita. Aproxima-se do Mestre, que, sereno, não se afasta, acolhe-o. A pureza
interior de Jesus é intocável. A cena comove os Apóstolos, levando-os à
admiração e ao enlevo espiritual. De sua parte, profundamente sensibilizado, o
leproso se prosterna, em sinal de adoração e, num ato de profunda humildade e
de abandono confiante, implora: “Se queres, podes limpar-me”.
Colocando-se
acima da interdição da Lei, Jesus estende a mão e o toca. Toca-o, ciente de que,
longe de ser contaminado pelo leproso, Ele pode purificá-lo. Levantando os
olhos, e dirigindo-se a todos, proclama: Não é do exterior que provém a
impureza, mas sim do interior do coração. E “movido de compaixão, estendeu a
mão, tocou-o e disse: ‘Eu quero, sê curado’”. O que faz pensar nas palavras de S.
Cirilo de Alexandria: “Ele lhe concede o toque de sua mão santa e onipotente e,
imediatamente, a lepra se afastou dele e o seu sofrimento terminou”. Então, o
santo alexandrino exclama: “Uni-vos a mim na adoração a Cristo, que exercia
contemporaneamente o poder divino e corpóreo, Ele o cura e o toca”. Orígenes
dirá que Jesus “o tocou para demonstrar humildade e ensinar-nos a não desprezar
ninguém, por causa das feridas ou manchas do corpo”. Por isso, ele recomenda: “Que
não haja em nossa alma a lepra do pecado; que não retenhamos em nosso coração nenhuma
contaminação de culpa, e se a tivermos, adoremos ao Senhor e lhe digamos: ‘Senhor,
se queres, podes limpar-me’”.
Apesar
de ser miraculosa, a cura do leproso não é, simplesmente, uma ocorrência
medicinal. É fruto do carinho de Jesus, principalmente. Ele “tem compaixão” e o
leproso, curado em sua carne, sentiu-se, sobretudo, amado, acolhido e
reabilitado. Os santos compreenderam bem o sentido espiritual do milagre. S.
Francisco de Assis, por exemplo, beija o leproso que ele encontra ao longo do
caminho, e sente verdadeira doçura em seu coração. Fato que transforma sua vida
e caracteriza sua conversão como entrega radical ao Senhor, pois, no leproso,
ele experimenta Deus, que com suavidade e ternura o chama a crescer, cada vez
mais, na acolhida do Mistério do seu amor. Não houve necessidade de muitas
experiências, uma única já conduz Francisco à visão de um mundo novo, mais
fraterno e solidário. Então, ele recorda as palavras de Jesus: “Quem não
renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz não é digno de mim”. S. Isaac, referindo-se
às palavras do leproso, comenta que ele confessa duas coisas, “sua impureza e o
poder do Senhor, e implora uma terceira: a cura”. E conclui: “Todo homem que
invoca o nome do Senhor, com confiança, será salvo e ouvirá: ‘Eu quero, sê
curado’”.
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