Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 12 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
Mc 7, 24-30 - Cura da
filha da Cananeia
Quinta-feira 12 de Fevereiro
Jesus
se encontra em terra estrangeira, cuja população se liga aos antigos cananeus,
execrados pelos judeus. E é uma filha desse povo que suplica, exclamando como
os dois cegos: “Tem piedade de mim, Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de
mim; a minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mt 15,21). No dizer de S.
Hilário de Poitiers, “a filha da mulher cananeia aparece como figura de todos
os povos pagãos, que se converterão ao Senhor”. A resposta imediata de Jesus
reflete a mentalidade presente entre os judeus, de que o Messias daria
prioridade aos filhos de Israel: “Não fica bem tirar o pão dos filhos e
atirá-los aos cachorrinhos”. No entanto, a cananeia persevera e não desiste, sua
fé é grande e ela crê que Ele pode curar a sua filha. Com confiança, ela
profere a surpreendente confissão: “Isso é verdade, Senhor, mas também os
cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos!” “Para seu
proveito, escreve S. Efrém, ela não levou em conta o fato de Jesus se referir
ao cão. Por isso, declara o próprio Senhor: ‘Mulher, grande é a tua fé!’”
Por sua atitude humilde,
a cananeia torna-se modelo para a Igreja e manifesta que o Reino de Deus se
estende para além dos limites étnicos e sociais, o que leva S. Agostinho a
exclamar: “A mulher provém de um povo pagão e é símbolo e figura da Igreja,
grandemente louvada pela sua humildade, enquanto outros estão cheios só do seu
orgulho”. De fato, livre de todo preconceito e não temendo ir a um estrangeiro,
ela aborda o Senhor, rogando-lhe a cura de sua filha e, em seu despojamento,
ela revela sua abertura radical ao amor e à bondade divina.
A cena nos comove e
nos encanta. A simplicidade e sinceridade da mulher refletem sua cordial
entrega nas mãos de Deus, o que nos faz lembrar a cândida alma de Francisco de
Assis, que, louco por Cristo e pela “dama pobreza”, vive a liberdade interior. A
mulher não exige, simplesmente suplica, não é arrogante, coloca-se aos pés do
Mestre, na humildade e no respeito a toda criatura, mesmo a um simples
cachorrinho. Agora, ao dirigir à mãe o seu olhar, Jesus desperta confiança inextinguível
no coração orvalhado daquela mulher, que ao ouvir as suas palavras: “pelo que
disseste, vai: o demônio já saiu da tua filha”, ergue-se e, com um sorriso
grato e alegre, retira-se. E no coração dos que lá se estavam, arde a chama
sagrada da misericórdia divina.
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