Reflexão do Evangelho - Sexta-feira 20 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
Mt 9,14-15 - Discurso sobre o jejum
Sexta-feira 20 de Fevereiro
Apesar
de os profetas terem insistido menos sobre a severidade
do jejum e muito mais sobre a conduta justa e caritativa para com o próximo, os discípulos de João
Batista e os fariseus multiplicavam jejuns e orações. Em Jesus a voz dos profetas se plenifica. O jejum torna-se sinal de um
novo relacionamento com Deus e com o mundo, pois, acompanhado pela oração, ele supõe
atos e atitudes de humildade, de amor e de esperança. Gesto religioso, ele prepara
o homem para acolher a vinda do Reino de Deus. Nenhum sentido, pois, teria o
jejum; pelo contrário, estaria se opondo ao Reino de Deus, restaurado por
Cristo. Esse tempo não é tempo de jejum, mas de alegria e de festa.
Para melhor ser compreendido, Jesus se apresenta
como o “noivo” das núpcias de Deus com o seu povo, e os discípulos são
descritos como os amigos do noivo. Aos que criticam os Apóstolos por não
jejuarem, Jesus, com certa ironia, pergunta-lhes: “Podem os amigos do noivo jejuar
enquanto o noivo está com eles?” S. Hilário de Poitiers conclui que “o fato de eles
não jejuarem demonstra a alegria dos discípulos com a presença de Jesus. Nesse
período, não se há de jejuar, porque o Esposo está lá e com Ele o tempo
messiânico, tempo de núpcias, de abundância e de alegria”. Mas a observação do
Senhor, para indicar o tempo após sua morte, não lhes escapa: “Quando Ele lhes
for tirado, eles jejuarão”. Ou no dizer de S. Basílio Magno: “Eles então jejuarão,
pois suas vidas estarão orientadas para as realidades, que ultrapassam os bens
simplesmente materiais e carnais”. Isso, sem jamais deixar de saciar uma fome
diferente, a fome da bondade e da misericórdia, do perdão e do amor.
Orígenes diz por sua vez que o jejum
é um caminho para se chegar à profundidade da nossa alma, “lá onde se encontra a
imagem de Deus escondida. Cabe-nos pelo jejum liberá-la da terra e purificá-la
de toda sujeira para encontrar a água viva, aquela água da qual diz o Senhor: ‘Quem
crê em mim, de seu seio jorrarão rios de água viva’” (Jo 7,38). À pergunta do
abade Pambo sobre o que ele deveria fazer, o abade Antônio responde: “Não
confies na tua justiça, não te aflijas com o passado, põe freio à tua língua e
ao teu ventre!”.
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