Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 04 de Fevereiro
Reflexão do Evangelho
Mc 6, 1-36 - Jesus em
Nazaré
Quarta-feira 04 de Fevereiro
Ao
longo de sua missão, Jesus anuncia o reino da Verdade, em contraposição ao
reino da ilusão, da falsidade e da mentira. Sua ação redentora e santificadora
corresponde ao fato de Ele dar testemunho da Verdade e o ato de fé dos que o
seguem supõe, por sua vez, buscar e viver a sua mensagem, e, por conseguinte, dar
testemunho da Verdade. Daí, a grande importância dada nos Evangelhos ao verbo
escutar (akouein), visto como caminho seguro para se chegar à fé: “Quem ouve a
minha palavra e crê em quem me enviou, tem vida eterna e não é submetido a
julgamento, mas passou da morte à vida” (Jo 5,24).
A
falta de fé equivale a não escutar a palavra de Jesus e constitui um obstáculo
para obter a saúde do corpo e da alma. É o que os discípulos irão constatar
justamente quando Jesus, depois de certo tempo distante de sua “pátria”,
resolve voltar a Nazaré, onde tinha sido criado. Num dia de sábado, Ele encontra-se
na sinagoga da cidade. A curiosidade era grande. Muitos tinham ouvido falar a
respeito dos seus ensinamentos e dos milagres que tinha realizado. No momento
da leitura da Bíblia, como era costume, eles colocam o rolo de papiro diante do
visitante. Jesus lê justamente um trecho do profeta Isaías:
“O Espírito do Senhor
está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para
proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para
restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”.
Após a leitura, como percebesse que os ouvintes não estavam
interiormente atentos às palavras proclamadas, querendo levá-los à conversão,
diz-lhes: “Hoje, realizou-se essa Escritura que acabastes de ouvir”. Cochicho, censuras,
alguns murmuravam dizendo: como pode este jovem se arvorar em rabino, sem ter-se
preparado para isso! Outros encolhiam os ombros e segredavam: “Não é o filho de
Maria?” Surpreso com a dureza de seus corações, Jesus exclama: “Em verdade vos
digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. E para maior indignação dos seus
conterrâneos, Ele passa a se referir aos gentios que demonstram ter mais fé em
Deus do que os escolhidos de Israel. O profeta Elias, diz ele, foi enviado a
uma viúva, em Sarepta, na região da Sidônia, enquanto tantas outras viúvas viviam
em Israel e, no tempo do profeta Eliseu, “havia muitos leprosos em Israel,
todavia, nenhum deles foi curado, a não ser o sírio Naamã”. A revolta é grande,
pois eles consideravam os estrangeiros como pessoas distantes de Deus, excluídas
da Aliança divina. Enfurecidos, ergueram-se contra Jesus.
Sem se intimidar, Ele
os declara cegos à misericórdia divina, surdos ao seu plano redentor, incapazes
de compreender as palavras do profeta Isaías. Diante dessa reação, Jesus não
realiza milagres, “para não pensarmos, diz S. Ambrósio, que Ele fosse constrangido
pelo amor à pátria. Na realidade, aquele que amava todos os homens não podia
deixar de amar os seus concidadãos, mas eles mesmos, comportando-se de modo
invejoso, renunciaram o amor à pátria”. Doravante, como escreve S. Cirilo de
Alexandria, “Jesus irá se reportar aos pagãos, que o acolherão e serão curados
da sua lepra”.
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