Reflexão do Evangelho de domingo 10 de janeiro
Reflexão
do Evangelho de domingo 10 de janeiro
Lc
3,15-16.21-22 - Batismo de Jesus
O antigo sonho do homem de tornar-se
imortal é vivido pelo mundo judaico na esperança da vinda de um Messias. As
profecias, acolhidas quais raios de luz, permitiam entrever, no passar dos
séculos, o vulto de um Deus justo e misericordioso, que viria em socorro do seu
povo. No início da era cristã, muitos viam em João Batista o cumprimento das
profecias e se interrogavam se não era ele o Messias esperado. De forma direta
e provocativa, ele apregoa que a única coisa necessária é converter-se e
deixar-se batizar; é um batismo “com água para a conversão”. Sem hesitar, o
próprio Batista afasta toda dúvida, deixando claro que sua missão é ser
precursor e dar testemunho do Messias, daquele que vem, e que será mais forte
do que ele. E numa atitude de sincera humildade, ele confessa não ser digno de
desatar a correia de suas sandálias, nem mesmo digno de ser seu escravo.
João batiza e Jesus aproxima-se para
ser batizado. S. Gregório de Nazianzo nos dá sua intepretação do fato: O Mestre
vem “talvez para santificar aquele que o batiza e, sem dúvida, para sepultar
nas águas o velho Adão. João reluta, Jesus insiste, eu é que devo ser batizado
por ti, diz a lâmpada ao Sol, a voz à Palavra”. Jesus desce às águas e o relato
bíblico diz que “o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Ele”, primeiro
sinal da salvação divina para os que hão de segui-lo.
João
batiza com água e prega a penitência; Jesus é aquele que batiza com o Espírito
Santo e anuncia a salvação. João batiza os que procuram libertar-se do peso do
pecado; Jesus se deixa batizar, tomando sobre si o peso da culpa de toda a
humanidade, não apenas afastando o pecado, mas destruindo-o. E não só. Ao
dizer: “Este é o meu Filho bem amado”, o Pai o confirma em sua missão, pois,
segundo S. Máximo, “se sua Mãe o apresenta aos magos, para que eles o adorem, o
Pai o apresenta às nações para que o reverenciem” como Filho amado, que, cheio
da força do Espírito Santo, rompe a fronteira entre Deus e o mundo, e torna o
homem partícipe da inacessível eternidade de Deus.
Desde
o início, superando profetas e patriarcas, o batismo de Jesus é interpretado
como a manifestação do Espírito divino, que estará presente no decorrer de sua
obra, cuja finalidade é a nossa redenção. Logo a seguir, impelido pelo Espírito,
Jesus vai ao deserto, para defrontar-se com o demônio. Lá, Ele recapitula a
história humana, desde Adão e Eva até a instauração do Reino de Deus, que, ao
longo dos tempos, irá efetivar a sua missão divina, pondo fim ao mundo do
pecado, e iniciando um novo mundo de paz e de comunhão.
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