Reflexão do Evangelho de sexta-feira 08 de janeiro



Reflexão do Evangelho de sexta-feira 08 de janeiro
Lc 5,12-16 - A cura de um leproso

        Pela Lei mosaica, a lepra era considerada uma doença passível de excomunhão. Quem a contraísse seria excluído do convívio comunitário e se, por acaso, alguém fosse curado, ele devia submeter-se ao rito de purificação. Por isso, ao milagre da cura de um leproso, sinal dos tempos messiânicos, liga-se a purificação.                           
         Apesar de tantas restrições e normas, “um homem, cheio de lepra” não hesita. Aproxima-se do Mestre, que, sereno, não se afasta, acolhe-o. A pureza interior de Jesus é intocável. A cena comove os Apóstolos, levando-os à admiração e ao enlevo espiritual. De sua parte, profundamente sensibilizado, o leproso se prosterna, em sinal de adoração e, num ato de profunda humildade e de abandono confiante, implora: “Senhor, se queres, tens poder para limpar-me”.
        Colocando-se acima da interdição da Lei, Jesus, “movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse: ‘Eu quero, sê curado’”. Gesto que faz pensar nas palavras de S. Cirilo de Alexandria: “Ele lhe concede o toque de sua mão santa e onipotente e, imediatamente, a lepra se afastou dele e o seu sofrimento terminou”. Então, o santo alexandrino exclama: “Uni-vos a mim na adoração a Cristo, que exercia contemporaneamente o poder divino e corpóreo, Ele o cura e o toca”. Orígenes dirá que Jesus “o tocou para demonstrar humildade e ensinar-nos a não desprezar ninguém, por causa das feridas ou manchas do corpo”.
        Apesar de ser miraculosa, a cura do leproso não é, simplesmente, uma ocorrência medicinal. É fruto do carinho de Jesus, de modo que o leproso, curado em sua carne, sente-se amado, acolhido, reabilitado. Os santos compreenderam bem o sentido espiritual do milagre. S. Francisco de Assis, por exemplo, beija o leproso que ele encontra ao longo do caminho, e aquilo que antes ele achava amargo, agora, trazia verdadeira doçura ao seu coração. Não foram necessárias muitas experiências, esse simples encontro com o leproso transforma sua vida e faz irromper nele um imenso amor pelos pobres e pelos pequeninos, conduzindo-o à visão de um mundo novo, mais fraterno e solidário.
        O leproso, curado, Francisco de Assis, convertido, compreendem que o encontro com Jesus é reconstrução da vida na liberdade interior, força do Espírito, que se exprime como comunhão de amor, no respeito a todas as criaturas e formas de vida. Por obra e graça divina, ambos se tornam Apóstolos do Evangelho do perdão e da misericórdia, boa nova para todos.

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