Reflexão do Evangelho de quinta-feira 14 de janeiro
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 14 de janeiro
Lc
5,12-16 e Mc 1,40-45 - A cura de um leproso
Pela Lei mosaica, a lepra era
considerada uma doença passível de excomunhão. Quem a contraísse seria excluído
do convívio comunitário e se, por acaso, alguém fosse curado, ele devia
submeter-se ao rito de purificação. Por isso, ao milagre da cura de um leproso,
sinal dos tempos messiânicos, liga-se a purificação.
Apesar de tantas restrições e normas,
“um homem, cheio de lepra” não hesita. Aproxima-se do Mestre, que, sereno, não
se afasta, acolhe-o. A pureza interior de Jesus é intocável. A cena comove os
Apóstolos, levando-os à admiração e ao enlevo espiritual. De sua parte,
profundamente sensibilizado, o leproso se prosterna, em sinal de adoração e,
num ato de profunda humildade e de abandono confiante, implora: “Senhor, se
queres, tens poder para limpar-me”.
Colocando-se acima da interdição da Lei,
Jesus, “movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse: ‘Eu quero, sê
curado’”. Gesto que faz pensar nas palavras de S. Cirilo de Alexandria: “Ele
lhe concede o toque de sua mão santa e onipotente e, imediatamente, a lepra se
afastou dele e o seu sofrimento terminou”. Então, o santo alexandrino exclama:
“Uni-vos a mim na adoração a Cristo, que exercia contemporaneamente o poder
divino e corpóreo, Ele o cura e o toca”. Orígenes dirá que Jesus “o tocou para
demonstrar humildade e ensinar-nos a não desprezar ninguém, por causa das
feridas ou manchas do corpo”.
Apesar de ser miraculosa, a cura do
leproso não é, simplesmente, uma ocorrência medicinal. É fruto do carinho de
Jesus, de modo que o leproso, curado em sua carne, sente-se amado, acolhido,
reabilitado. Os santos compreenderam bem o sentido espiritual do milagre. S.
Francisco de Assis, por exemplo, beija o leproso que ele encontra ao longo do
caminho, e aquilo que antes ele achava amargo, agora, trazia verdadeira doçura
ao seu coração. Não foram necessárias muitas experiências, esse simples
encontro com o leproso transforma sua vida e faz irromper nele um imenso amor
pelos pobres e pelos pequeninos, conduzindo-o à visão de um mundo novo, mais
fraterno e solidário.
O leproso, curado, Francisco de Assis,
convertido, compreendem que o encontro com Jesus é reconstrução da vida na
liberdade interior, força do Espírito, que se exprime como comunhão de amor, no
respeito a todas as criaturas e formas de vida. Por obra e graça divina, ambos
se tornam Apóstolos do Evangelho do perdão e da misericórdia, boa nova para
todos.
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