Reflexão do Evangelho de quarta-feira 06 de janeiro
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 06 de janeiro
Mc
6,42-52 - Jesus caminha sobre as águas
Após
despedir o povo e enviar os discípulos para a outra margem do lago, “Jesus
subiu ao monte, a fim de orar”. Silêncio e solidão. Entre as nuvens, tocadas
pelo vento forte, talvez Ele tenha avistado o barco dos discípulos, que
buscavam em vão chegar a Cafarnaum. “Na
quarta vigília da noite”, nos primeiros albores do dia, Ele vai ao encontro deles,
“caminhando sobre o mar”. Soprava ainda um vento intenso e impetuoso, quando os
Apóstolos avistam, em meio às águas encapeladas, um vulto que se aproxima.
Vendo aquilo, sentiram medo e chegaram a exclamar: “É um fantasma! ”
Assustados, eles viam o vulto se avizinhar,
andando sobre as águas. Porém, em meio ao fragor das ondas, que ameaçavam virar
o pequeno barco, uma voz serena os tranquiliza: “Não temais, sou eu! ”
Imediatamente, eles reconhecem que é o Mestre, que faz menção de passar adiante,
como o fez com os discípulos em Emaús. Provocação para despertá-los à
responsabilidade da liberdade, pois Deus é aquele que passa. Assim se deu na primeira
Páscoa do Egito ou nas grandes visões de Moisés ou de Elias, como também na sua
vinda entre os homens. “Jesus não acorre logo para salvar os discípulos,
observa S. João Crisóstomo, mas os instrui, através do temor, a afrontar os
perigos e aflições”.
As
palavras do Senhor: “não temais”, recordam a promessa feita por Deus a Isaías:
“Não temais, pois eu estou convosco”, isto é, “crede unicamente”. Para os Apóstolos,
as palavras do Mestre são um apelo para que eles estejam abertos interiormente
à presença divina, sempre surpreendente. Nesse sentido, ao dizer: “Sou eu”, Jesus
desperta nos Apóstolos a lembrança das manifestações inauditas de Deus,
conduzindo o povo de Israel no deserto. Mais tarde, os Apóstolos irão recordar esta
cena à luz da missão do Messias, que conduz seu povo à Jerusalém celeste.
Do mesmo modo que o Pai, Jesus exige dos
discípulos confiança e entrega. Atitude indispensável para participar do seu poder,
manifestado no fato de Pedro, obediente às suas palavras, caminhar sobre as
águas. Se em meio às dificuldades e perseguições, eles vacilarem ou vierem a
afundar, uma certeza os anima: não lhes faltará a mão misericordiosa do Mestre para
reconduzi-los ao barco, onde estarão com Ele e alcançarão serenidade (apátheia)
e repouso (hesychia). Por isso, sugestivamente, o relato termina: “Assim que
eles subiram ao barco, o vento amainou”. É uma Epifania, manifestação, do
domínio absoluto de Jesus, mesmo sobre as águas tumultuosas, símbolo do caos
primordial e das forças do mal. É o começo dos tempos messiânicos!
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