Reflexão do Evangelho de quarta-feira 27 de janeiro
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 27 de janeiro
Mc 4,1-20
- Parábola do semeador
Aos olhos de Jesus, estende-se uma
larga e fértil planície, cheia de luz e de vida, terra pródiga, que acolhe a
semente lançada por um zeloso semeador. Não longe, via-se o mar. “Saindo de
casa, segundo o evangelista, Ele sentou-se” para ensinar a multidão que o ouvia
atentamente. Mais tarde, muitos reconhecerão nesta passagem uma alusão ao fato
de Jesus ter saído de junto de Deus para vir ao mundo anunciar a boa semente da
misericórdia e do amor.
Através de pequenas histórias, extraídas da natureza e da
vida cotidiana, as parábolas, Jesus transmite a sua doutrina. Assim, acompanhando
os passos do semeador, em seu afã de lançar em terra a semente, Ele observa que
elas não encontrarão o mesmo destino, pois os frutos dependem da qualidade de
cada terreno. Andando passo a passo, o semeador deixa cair “uma parte à beira
do caminho”, terreno “pisado pelos pés de todos”. As sementes não o penetram,
mas tornam-se alimento dos pássaros, que as levam e as devoram. Outra parte, “cai
em lugares pedregosos”, onde há pouca terra, os grãos germinam, mas são
incapazes de dar frutos. Por não possuírem raízes, logo secam. S. Cirilo de
Alexandria as compara “a uma fé superficial, evanescente, que logo sucumbe à
tribulação ou à perseguição”. Outras caíram entre os espinhos, que representam,
segundo S. Jerônimo, “os corações dos que se tornam escravos dos prazeres e dos
cuidados deste mundo”. As sementes são sufocadas e não resistem.
Finalmente,
há os grãos que caíram em terra boa e deram frutos, superando as expectativas,
pois o rendimento é vertiginoso: trinta por um, sessenta ou mesmo cem por um.
Se o campo, tão diversificado, expressa a variedade das realidades humanas, os
frutos dependem do modo de ser de cada um. Caso sua vida seja espiritual, em
seu coração brilhará a luz divina e você produzirá abundantes frutos de
justiça, paz, solidariedade e misericórdia. Mas se houver dureza de coração,
que rege a insensibilidade e o egoísmo, você se tornará surdo e incapaz de
entender e viver o Evangelho da paz e do perdão.
Por ser provocadora, a parábola não
admite uma atitude neutra diante dela. Por isso, de modo forte, solene e
conciso, Jesus conclui suas palavras, lançando um apelo: “Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça”. S. João Crisóstomo comenta: “Não tem culpa, nem o lavrador, nem a
semente, mas a terra que a recebe, e mesmo assim não por causa da natureza, mas
por força da intenção e da disposição”.
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