Reflexão do Evangelho de segunda-feira 01 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho de segunda-feira 01 de fevereiro
Mc
5,1-20 – A cura do endemoninhado gadareno
Nos evangelhos, os milagres e expulsões
de demônios não são vistos dentro da perspectiva de estar ou não rompendo as
leis da natureza, mas como intervenções não habituais de Deus, que causam
assombro ou admiração. Daí não se encontrar nos evangelhos a palavra grega
“milagre” (thaumai), mas sim o fato de o povo ficar assombrado ou admirado (thamadzein) com as ações de Jesus, que
age como Deus fizera na história de Israel.
Jesus
vai à Decápole, situada do outro lado do mar da Galileia, numa das cidades
habitadas por gregos, sob a jurisdição da província da Síria. Logo que desceu
do barco, aproxima-se dele um homem possuído pelo demônio, descrito como
possuidor de grande força: “Ninguém podia dominá-lo, nem mesmo com correntes”. Porém
para surpresa de todos, ao ver Jesus, “ele correu e prostrou-se diante dele,
clamando em alta voz: ‘Que existe entre mim e ti, Jesus, Filho de Deus altíssimo?
’”. Defrontam-se o poder do mal, que produz frutos maus e dolorosos, e o poder
de Deus, com atos de bondade e de misericórdia, que assombram a todos. De fato,
com uma única palavra, Jesus liberta aquele homem dos poderes obscuros que o
dominavam, e manifesta ao povo o caráter salvador de sua missão. Ele não só
anuncia o Reino de Deus, mas o torna realidade em sua própria pessoa, fato
desconcertante para os “espíritos” e também para os homens.
S. Jerônimo, assim, descreve esse episódio:
“Jesus o expulsa. É como se Ele dissesse: sai de minha casa, que fazes em minha
morada? Eu desejo entrar: ‘Sai deste homem’. Sai deste homem; abandona esta
morada preparada para mim. O Senhor deseja sua casa: sai deste homem”.
A
cena nos remete à parábola da ação misericordiosa do Senhor, que veio atrás da
“ovelha desgarrada” ou, no dizer de S. Irineu, “que veio até à profundidade da
terra”. Por outro lado, a figura do demônio, pedindo para ser mandado “aos
porcos, a fim de entrar neles”, denota a aversão dos judeus aos porcos e deixa
entrever certos laivos de ironia: os espíritos “imundos” entrando nos imundos
porcos. Após a cura, o homem permanece “sentado, vestido e em são juízo”, mas ao
perceber que Jesus se retirava, faz menção de acompanhá-lo. Jesus, porém,
despede-o, ordenando que ele volte para sua casa, como presença silenciosa da
cura e do anúncio da misericórdia de Deus.
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