Reflexão de Evangelho do dia 23/09/2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Domingo – 23 de setembro
Mc 9, 30-37: Quem é o maior?
       
        No surgimento da Igreja, o Apóstolo S. Pedro recebe do Senhor diversos sinais de primazia, o que poderia despertar, entre os Apóstolos, certa rivalidade. Não esqueçamos, observa S. Jerônimo, que os demais “Apóstolos tinham visto que Pedro e o Senhor pagaram o mesmo tributo” devido ao Templo. Tiago e João foram escolhidos, com Pedro, para serem testemunhas da Transfiguração. Eles já o tinham sido da ressurreição da filha de Jairo. Vem, então, muito a propósito a questão dos discípulos, “que se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: Quem é o maior no Reino dos Céus?”
Em todos os tempos, o desejo de grandeza e de glória encontra guarida em muitas mentes. Nada escapa ao olhar atento de Jesus. Por isso, ele os toca em seus corações e procura mostrar que para partilhar da sua glória é necessário passar pela cruz. De imediato, eles não o entendem. Eram impedidos de compreendê-lo por força da concepção que alimentavam da vinda gloriosa do Messias. S. Jerônimo observa: “Pacientemente, Jesus quer agora purificar, por meio da humildade, o desejo de glória manifestado por eles”. Ele se assenta, como no sermão da Montanha, e profere um solene apelo, pois não se trata simplesmente de uma situação hierárquica. O essencial não é o lugar que eles ocuparão junto a Ele, mas possuir a condição necessária para entrar no Reino de Deus. E, acentua S. Gregório de Nissa, “ela consiste no serviço, compreendido como atitude de quem segue o Mestre e abraça como sentido de sua vida o amor a Deus e ao próximo”.
        Para tanto, há uma exigência, a de conversão, mudança no modo de pensar e de ser. Pois, continua Jesus, “se alguém quiser ser o primeiro seja o último e aquele que serve a todos”. E ele exemplifica tomando uma criança e colocando-a no meio deles. O que leva Orígenes a dizer que “neste gesto, ele simboliza a humildade, obra do Espírito Santo” na vida de quem o segue. S. Hilário comenta que “por crianças, o Senhor significa todos os que creem pela fé, após tê-lo escutado. Serão ilário. .como as crianças, que seguem seu pai, amam sua mãe e têm por verdadeiro o que lhes é dito. A vontade e o hábito de tais disposições nos encaminham para o Reino dos céus.  Caso retornemos à simplicidade das crianças, brilhará, em nossa vida, a humildade do Senhor”.
        Portanto, as crianças indicam os pequenos de idade, mas também os que cultivam a atitude espiritual de humildade e a disposição interior para acolher a Palavra do Pai. De fato, destaca S. Jerônimo, “tornamo-nos por meio de uma santa existência o que são as crianças em sua simplicidade”. Finalmente, a humildade nos une a Cristo e nos engaja no singelo serviço em favor dos pequenos, pois lembra S. João Crisóstomo: “Os discípulos humildes são mais idôneos que os discípulos inclinados à vaidade”. No dizer do Pastor de Hermas: “A inocência das crianças caracteriza os que habitam o Reino de Deus”.
As palavras de Jesus não nos são indiferentes. Elas nos concernem: “Não desprezeis nenhum desses pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus veem continuamente a face de meu Pai que está nos céus”. Elas se estendem aos humildes e simples, “aos quais, Jesus promete o reino dos céus e a familiaridade com os anjos” (Cromácio de Aquileia).

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