Reflexão do Evangelho do dia 27/09/2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Quinta-feira - 27 de
setembro
Lc 9, 7-9: Herodes e
Jesus
“Tomando
conhecimento das obras de Jesus, Herodes encheu-se de medo”, observa S. João
Crisóstomo. Ele julgava que João Batista tivesse ressuscitado, o que o atemorizava
e o deixava alarmado. Escreve Teodoro de Heracleia: “João poderia usar contra
ele, de modo ainda mais decisivo, a sua cáustica liberdade de palavra. Motivo
para ele de terror e de frustração, pois João trazia a público as suas ações
desonestas”. Se o temia, Herodes não deixava de respeitá-lo, como grande
profeta e servo de Deus, embora, por ele, fosse recriminado devido ao seu
relacionamento adúltero. Criticado e perseguido, João Batista não tergiversava,
com o intuito de adulá-lo, mas permanecia fiel à vontade de Deus e à sua Lei.
Atitude que o levará a ser martirizado. Depreende-se, deste modo de agir de
João Batista, uma crítica implícita a todos os que se colocam ao redor dos
poderosos e dos ricos, aspirando obter benefícios pessoais. “A tristeza do rei
indica não o seu arrependimento, mas a confissão de sua iniquidade. Segundo o
uso das Sagradas Escrituras, os que fizeram coisas ímpias se condenam a si
mesmos pela própria confissão” (S. Ambrósio).
Os comentários a respeito de Jesus intrigaram
Herodes, sobremaneira. Seus ensinamentos excitavam a sua curiosidade e o
levaram a querer saber quem era ele. A resposta recebida corresponde ao que se
escutava entre a população. Muitos diziam que era João Batista que tinha
voltado à vida. Outros afirmavam ser Elias ou um dos profetas, enviado por
Deus. Ao serem arguidos por Jesus a respeito de sua pessoa, os Apóstolos
repetem as mesmas palavras. O Mestre as utilizará para conduzi-los à fé,
expressa na profissão do Apóstolo S. Pedro. A propósito, escreve S. Leão Magno:
“A confissão, inspirada pelo Pai no coração de Pedro, supera todas as
incertezas das opiniões humanas e alcança a firmeza da rocha que jamais será
vencida por qualquer espécie de violência”.
Um drama se esboça no
coração de Herodes. Diante de João Batista e, agora, diante de Jesus, ele se
sente questionado e colocado ante a possibilidade do pecado e da santidade.
Ambos se situam no mesmo plano e pressupõem a liberdade e a responsabilidade
humana. A voz do profeta o impele a tomar consciência de seu pecado. Aliás, ele
parece reconhecê-lo em nível subjetivo. No entanto, não é capaz de assumi-lo
objetivamente. Sente-se confuso e temeroso. Pois os atos se encadeiam e, por
uma necessidade objetiva, levam-no à incerteza e à indecisão. No seu íntimo, a
intenção subjetiva de mudança torna-se forte e urge uma coerência de vida, só
alcançada pela conversão, da qual, tudo indica, ele foge. Contrariando a lei
divina, ele se deixa envolver, sempre mais, pelo conflito interior, que o
persegue e o atormenta, sobretudo no momento do julgamento de Jesus
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