Reflexão do Evangelho do dia 08/09/2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Sábado – 08 de
setembro
Mt 1, 18-23 - José,
Esposo de Maria e Pai adotivo de Jesus
Na
plenitude dos tempos, o Filho de Deus encarnou-se no seio puríssimo da Virgem
Maria. S. Cromácio professa a divina filiação divina, desde toda a eternidade e
“o nascimento corpóreo de Jesus no tempo”. Diz ele: “O Filho do Altíssimo
assume nossa carne visível para revelar sua invisível divindade”. Mistério
inefável, Deus desce até nós, torna-se homem, para elevar-nos à plenitude
divina. Em Jesus, dá-se a união das duas naturezas, a divina e a humana, fim
último de todas as coisas criadas. S. Irineu dirá que Jesus é a recapitulação
do Universo, pois por ele tudo foi criado e para ele tudo converge.
Manifestação
do amor do Pai, a Encarnação é obra da condescendência divina para que todos os
homens, sem violentar sua liberdade, possam libertar-se de suas vicissitudes e
alcançar a serena felicidade no cumprimento da vontade do Pai. Em sua homilia
sobre a Anunciação, Nicolas Cabásilas expressa a ideia de que “a encarnação não
foi só obra do Pai, de seu Poder e de seu Espírito, mas também obra da vontade
e da fé da Virgem Maria. Sem o consentimento da Imaculada, sem o concurso da
fé, esse desígnio seria tão irrealizável como sem a intervenção das três
Pessoas divinas”. Na pessoa da Virgem Maria, nas singelas palavras: “eis a
serva do Senhor”, a humanidade deu o seu consentimento.
S.
José, homem justo, ao ver Maria grávida, longe de condená-la, guarda respeitoso
segredo. S. Jerônimo, com sua habitual profundidade religiosa, comenta: “Como
pode José ser declarado “justo”, se ele escondeu a falta de sua esposa? Longe
disso. É um testemunho em favor de Maria. José conhecendo sua castidade e
tocado pelo que lhe sucede, esconde, por seu silêncio, o acontecimento do qual
ele ignora o mistério”. De modo sucinto, mas direto, S. Jerônimo ressalta a
atitude espiritual, quase mística, de S. José. Diante do fato inexplicável da
concepção, ele reconhece e respeita o Mistério prenunciado: “Eis que uma virgem
conceberá e dará à luz um filho, que receberá o nome de Emanuel”. O que leva S.
João Crisóstomo a ponderar: “O mistério da Natividade é vivido à luz da
História da Salvação. Pois nela vigora a profética expectativa, anunciada por
Deus, através das palavras de Isaías”.
Muito
a propósito, S. José é denominado justo, pois ser justo é, antes de tudo, ter o
coração e a mente abertos à vontade divina e empenhar-se em realizá-la. E ele
cumpre a missão designada por Deus, com carinho e fidelidade. Fiel à sua
consciência, formada de acordo com a ordem moral, em sintonia com os princípios
da Lei, ele aguarda. Ele ouve o silêncio do mistério, presença do absolutamente
Outro, voz a sussurrar no sacrário de sua consciência. Inserido na História da
Salvação, em seu amor a Deus, José crê e a obscuridade dolorosa do seu sim
torna-se grandiosa, na ressonância do “fiat” de Maria.
O hino entoado à Virgem Maria não deixa de ter sentido na pureza
espiritual e corporal de S. José: “Que em Maria se alegre toda a ordem dos
profetas, pois as visões nela encontram o término, as profecias sua realização,
os oráculos sua força e seu cumprimento. A árvore da vida que se escondia no
meio do paraíso cresceu em Maria. Sua sombra abriga o mundo inteiro, ela oferece
seus frutos, longe e perto” (S. Efrém).
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