Reflexão do Evangelho do dia 02/09/2012
Reflexão de
Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Domingo - 02
de setembro
Mc 7, 1-8.14-15.21-23:
Discussão sobre as tradições farisaicas
Jesus
conhece os pensamentos dos que o rodeiam, suas considerações evasivas, e
desvenda “até suas intenções interiores mais profundas” (S. Clemente de Roma).
Por isso, ele vai pouco a pouco levando seus discípulos a se desprenderem das
práticas, meramente exteriores e insuficientes, dos fariseus, que impunham um
fardo insuportável aos ombros do povo. Jesus coloca o mandamento do amor acima
de todas as prescrições e sacrifícios, pois o Pai rejeita ser honrado a
expensas do amor devido ao próximo. Delineia-se o tríplice nível dos ouvintes de
Jesus. Em oposição aberta aos “escribas e fariseus”, ele dirige-se à multidão, por
vezes, dominada por uma visão estreita, para que ela, abrindo os olhos
interiores, reconheça Deus em seu amor, não desejando nada mais senão o amor,
amor ao próximo. Toda intransigência e vão legalismo é superado no amor,
comunicado pelo Senhor.
Jesus
abre novos horizontes. Ele vai dos lábios ao coração, dos costumes humanos aos
mandamentos e, portanto, à vontade de Deus. “Tornamo-nos, escreve Orígenes, impuros
pelo que sai de nossos lábios, não pelo que entra em nossa boca”. O próprio
Jesus diz aos fariseus: “Vós purificais o exterior do copo e do prato, e por
dentro estais cheios de rapina e de perversidade”. Torna-se manifesto o vazio
do coração do homem, guiado por um desvio egoísta, por vezes, mascarado por um
piedoso pretexto. A hipocrisia é denunciada e condenada.
Jesus não está
condenando, pura e simplesmente, as práticas exteriores, mas ele as quer
reequilibrar, dando-lhes conteúdo e sentido. E, orientando-as à alma e à
plenitude do mandamento de Deus, ele restabelece a devida hierarquia, do exterior
ao interior, do material ao espiritual ou, melhor, à pureza do coração, tão
buscada e intensamente vivida pelos Padres do deserto. Exigência apresentada
por S. Basílio Magno a todo cristão.
Em seguida, o próprio Senhor declara
que a impureza provém do interior do homem, penetrado pela duplicidade e
falsidade de quem não procura Deus com uma intenção reta, íntegra e total. Deixa-se,
então, eclipsada a prática do primeiro e maior mandamento da Lei de Deus e evidencia-se
onde se encontra a fonte de toda profanação: os maus desejos provenientes do
interior do coração. Portanto, o pecado nasce no recesso interior de nossos
pensamentos e intenções, brota dos desejos secretos que só a alma individual
pode conceber. “O pecado, escreve S. Beda, não se deve só ao diabo, mas tem
também sua origem na própria vontade do ser humano. O diabo é o colaborador e o
instigador dos pensamentos maus, mas não o autor deles”.
Iluminados
e fortalecidos pela graça de Deus podemos, em nossa liberdade, não dar espaço a
tais pensamentos e não permitir que eles nos dominem. O Senhor está sempre
pronto a transformar e a purificar nossos corações, através do Espírito Santo,
que habita em nós. Seu poder e a sua graça nos tornam capazes de escolher o que
é bom e rejeitar o que é errado e pecaminoso.
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