Reflexão do Evangelho do dia 01/09/2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio
Figueiredo para:
Sábado – 01 de setembro
Mt 25, 14-30: Parábola dos talentos
Um homem, de nobre origem, viaja para
longe e distribui, a dez de seus servos, uma quantidade de bens materiais ou,
no dizer bíblico, alguns talentos, que lhe deverão ser restituídos com lucro.
Os talentos representam os dons recebidos de Deus e que deverão se tornar
produtivos ao longo da vida. Ao contar a parábola, Jesus quer, antes de tudo, destacar
a confiança depositada em seus servos pelo proprietário, que deixa com eles o
seu dinheiro. Eles poderão utilizá-lo como bem entenderem. De fato, alguns
multiplicam o que receberam; outros não. Nos v.24-26, tem-se a punição do mal
servidor pela transferência do capital, por ele recebido, ao servidor fiel.
Escreve
S. Hilário de Poitiers: “Na presente parábola, segundo a grandeza de sua fé, cada
qual recebe um ou muitos talentos. Um pregador, por exemplo, recebe o dom de
anunciar o Evangelho, dom incorruptível, patrimônio preparado por Cristo aos herdeiros
da eternidade”. Os talentos deverão produzir frutos, assim, de quem recebe
muito, muito se exigirá; quem recebe pouco, pouco se exigirá. S. Gregório de
Nissa comenta: “A graça do Espírito Santo é dada a cada um em vista de seu trabalho,
isto é, para o progresso e o crescimento daquele que a recebe. Assim, a alma
regenerada é alimentada pelo poder de Deus, na medida do conhecimento transmitido
pelo Espírito Santo. Ela é irrigada, generosamente, pela seiva da virtude e
enriquecida pela graça. Tudo é dom de Deus, também o próprio resultado”. O
Senhor espera que cada um seja fiel, administrando o que recebeu e
aumentando-o. A disposição ou a boa vontade, unida à capacidade humana e aos dons
concedidos, leva a uma ação efetiva, inteiramente, desinteressada e gratuita.
No final da parábola, dirigindo-se
ao servo fiel, o proprietário exclama: “Vem regozijar-te com teu senhor”. Hugo de S. Vitor comenta: “Há três espécies de
alegria: a alegria do mundo, tua própria alegria e a alegria do teu Senhor. A
primeira vem da opulência terrestre, a segunda de uma boa consciência e a
terceira se realiza na experiência da eternidade. Não saias, pois, para ir à
alegria do mundo, não permaneças confinado em tua alegria, mas entra na alegria
do teu Senhor”. Por conseguinte, a recompensa é a vida de comunhão com Deus,
recompensa por excelência.
Transmite-se, assim, uma preciosa
lição: Os que negligenciam os dons confiados por Deus perdem, até mesmo, o que
têm. A cada um cabe, portanto, a responsabilidade de produzir mais ou perder tudo.
Avança-se em direção a Deus ou volta-se atrás. O esforço envidado para produzir
frutos tem o auxílio do próprio Senhor, que sustenta aquele que é fiel em sua
resposta de amor. Por isso, proclamamos que o Senhor é nossa força e nosso
respiro, maravilhoso prêmio de nossa caminhada. Na lei santa do amor, fruímos a
inebriante união da virtude com a felicidade, pois o Senhor é fonte de vida e
de liberdade.
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