Reflexão do Evangelho do dia 21/09/2012
Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Sexta-feira – 21 de setembro
Mt 9, 9-13 Vocação de Mateus
Jesus se encontra em Cafarnaum, cidade
buliçosa situada na rota de Damasco. Razão da presença aí de aduanas e dos
respectivos cobradores de impostos. São os publicanos (telovai), dentre os
quais se encontra Mateus, nome hebraico, provavelmente abreviação de Matatías,
que significa “dom de Deus”. Jesus o chama. Na vocação de Mateus, a Tradição
patrística e a literatura ascética destacam dois aspectos fundamentais: o apelo
gratuito e eficaz do Senhor e a resposta pronta e incondicional de Mateus. A
primeira revela a bondade e o poder do Mestre, a segunda aponta para a acolhida
e disponibilidade do Apóstolo. Jesus, segundo S. Beda o venerável, “viu mais
com os olhos interiores do seu amor do que com os olhos corporais. Jesus viu o
publicano e, porque o amou, o escolheu, e lhe disse: Segue-me, ou seja, imita-me.
Ele o segue, menos com seus passos, mas muito mais com seu modo de agir, pois
quem está em Cristo, anda de contínuo como ele andou”.
Jesus chama-o e Mateus o segue. Comenta
S. Jerônimo: “Mateus diz ser um publicano para mostrar que ninguém deve se desesperar
sobre sua salvação. Importante é se converter para uma vida melhor. De
publicano, ele é transformado em apóstolo, bastando um chamado do Senhor”. Ele se torna seguidor do Mestre e vive em sua
intimidade. De fato, levantando-se, ele acompanha Jesus, numa correspondência
exata e imediata da resposta ao apelo, sinal que ela é sem reticência ou hesitação.
Esta sua atitude, como a de Pedro e a dos demais apóstolos, que deixando tudo o
seguem, vai permitir-lhe a presença e a ação da graça. A alegria inesperada e pascal
de estar com Jesus reflete-se no Evangelho, escrito por ele. É a primavera de
Deus manifestada ao paralítico: “Levanta-te, teus pecados te são perdoados”, e
a Mateus: “Vem e segue-me”. Escreve S. João Crisóstomo: “Jesus, que conhece os
secretos pensamentos de cada pessoa, sabe o momento em que cada um de nós está
pronto para escutar o seu chamado”.
Ao chamado de Jesus, segue-se a ceia
oferecida por Mateus. À ceia foram “muitos publicanos e pecadores, que se
sentaram à mesa com Jesus e os Apóstolos”. Os fariseus ficam consternados. Como
poderia o Mestre comer com tais pessoas? A resposta é clara e tocante. Soa como
um forte apelo à conversão: “Não são os que têm saúde que precisam de médico,
mas sim os doentes. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia é que
eu quero, e não sacrifício. Com efeito, eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”.
Certa ironia se reflete nas palavras de Jesus, pois os fariseus se julgavam
justos e ele ressalta sua preferência pelos pecadores. Desejo profundo e
ardente de levar todos à prática da misericórdia e a não se prenderem às
observâncias externas da Lei, mas a viverem a compaixão misericordiosa no
cuidado pelos pobres e pecadores.
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