Reflexão do Evangelho do dia 10/09/2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Segunda-feira – 10 de setembro
Lc 6, 6-11: Cura do homem com mão atrofiada
      
       A cena da cura de um homem com mão atrofiada se passa na sinagoga e durante um sábado. Lá, encontra-se Jesus. Ele é observado atentamente pelos escribas e fariseus, que desejavam “ver se ele curaria no sábado, para assim encontrarem algo com que o acusar”. Buscam motivos para justificar a condenação de Jesus, fato já consumado em seus corações. Guardando sempre a serenidade e sem se preocupar com os olhares maldosos dos que o cercavam, Jesus pede ao homem que venha para o meio da assembléia. Tenso, o homem aproxima-se e permanece de pé, diante do divino Mestre. É sábado, mas Jesus, sem tergiversar, num gesto de afrontamento, realiza o milagre. Como era costume seu, ele não condena seus inimigos, mas, desejando levá-los à conversão, questiona-os. Pergunta-lhes se é permitido, em dia de sábado, fazer o bem ou o mal, salvar sua vida ou arruiná-la. Ao interroga-los sobre as prescrições do sábado, ele coloca-os, igualmente, diante do objetivo de sua missão: ser presença do bem. Paradoxalmente, unem-se em Jesus o finito e o infinito, pois sendo verdadeiramente homem, limitado, ele revela-se como liberdade, isto é, abertura ao ilimitado de Deus. A liberdade de Jesus diante do sábado provoca os discípulos, também seus inimigos, a alçarem voo em direção à misericórdia e ao amor infinito de Deus.
       Os fariseus, então, “enfureceram-se e combinavam entre si o que fariam a Jesus”. Vê-se o endurecimento do coração. Eles afastam-se de Deus de modo lúcido, voluntário e, portanto, livre. No início do Êxodo, a história do Faraó dá-nos o terrível exemplo do endurecimento do coração e revela-nos o mistério que há entre o poder de Deus e o livre arbítrio do homem. Tal atitude provoca como resposta a “cólera” divina, demonstrada por Jesus na expressão: “Correndo os olhos sobre todos eles”. Fixando-os, ele revela sua autoridade e sua plena liberdade interior.
Apesar do furor e da indignação dos inimigos, movido pela misericórdia, Jesus diz ao homem: “estende a mão; e ela voltou ao estado normal”. Escreve S. Ambrósio: “Também tu, que crês ter a mão sã, atingida, porém, pela avareza ou pelo sacrilégio, estende-a para o pobre que suplica, para ajudar o próximo, socorrer a viúva ou para corrigir a injustiça. Estende-a para Deus por todos os teus pecados e ela será curada”. Transluz nesse ato a certeza da ação benevolente do Senhor, em relação a toda a humanidade. Observa S. Pedro Crisólogo: “Naquele homem, verifica-se a cura de todos, nele renova-se a salvação de todos, esperada durante tanto tempo”.

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