Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 15 de Outubro
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira – 15 de Outubro
Lc 11, 37-41: Contra
os fariseus e escribas
A
responsabilidade de uma ação sempre nos leva a refletir sobre o fato ocorrido
ou o dado exterior e o conhecimento das circunstâncias ou as consequências do
ato. Estas podem ser ou não nefastas e prejudiciais. Jesus admoesta os fariseus, lembrando que se o
homem é considerado responsável por uma palavra casual, sem graves
consequências, tanto mais ele o será por todas as palavras injuriosas e
prejudiciais, como as blasfêmias proferidas por eles. Assim, eles são exortados
a assumirem responsavelmente suas palavras e atos, no nível subjetivo de suas
intenções, pois a prática externa para nada vale sem a observância interior.
Por isso, voltando-se para eles, Jesus exclama: “Ai de vós fariseus, purificais
o exterior do corpo e do prato, e por dentro estais cheios de rapina e de
perversidade!” A expressão “ai” não exprime propriamente uma condenação, mas a
dor ou a indignação perante a superficialidade ou a hipocrisia deles. No máximo,
seria uma ameaça profética. Nos v.8-10, Jesus dirige-se aos discípulos (“vós”),
mostrando que essa “ameaça profética” refere-se também aos cristãos. Todo
discípulo é convidado a ficar de prontidão para não cair em um “farisaísmo”
análogo ou em uma sabedoria orgulhosa e idealismo arrogante.
O
profeta Isaías, através de seus cinco “ais”, condena diversos males, visando corrigir
a confusão entre o bem e o mal, causa da mais perigosa perversão: o falseamento
da consciência, faculdade responsável pelo agir humano. S. Cirilo de Alexandria
observa que “Jesus usa a metáfora do lavar a parte interna e externa de um
cálice ou de um prato para mostrar que os fariseus podem parecer limpos
exteriormente, embora, na realidade, estejam cheios de ganância e de maldade em
seus corações”. Escreve S. Ambrósio: “Para que o corpo esteja limpo, é
necessário que o conteúdo do cálice esteja puro, graças à esmola, à
misericórdia e à Palavra de Deus”.
S.
Hilário de Poitiers afirma que “Cristo condena a preferência dada às observâncias
humanas em detrimento das orientações dos profetas: respeitam-se opiniões
vazias e transgride-se o que devia ser respeitado. Por exemplo, os ornamentos
do altar e do Templo lá estavam tão somente para imitar a beleza das realidades
futuras. Por essa razão, Cristo reprova que o ouro e a oferenda sejam honrados
mais que o Templo e o altar, mais que o mistério”. Para Jesus as purificações
rituais e as práticas exteriores não conduzem, automaticamente, ao cerne da
verdadeira piedade, à entrega generosa e confiante a Deus. Os fariseus e
escribas, não se abrindo à luz divina, que ilumina o interior do homem, não
entram no Reino de Deus e impedem a entrada dos que os ouvem. Obscurece-se o
mais importante: o amor a Deus e ao próximo.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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