Reflexão do Evangelho de Quinta-feira -- 17 de Outubro
Reflexão do Evangelho
de Quinta-feira -- 17 de Outubro
Lc 11, 47-54: Ai de
vós fariseus (III)
Os
fariseus cumprem a Lei com escrupulosa exatidão, indo ao extremo de pagar o
“dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças”. No entanto,
negligenciam as exigências da caridade e da justiça para com os pobres e
desvalidos. Exteriormente, comportam-se de modo exemplar, mas, interiormente,
estão distantes e afastados do verdadeiro cumprimento da Lei dada por Deus a
Moisés. De um lado um rigorismo exagerado, do outro lado descuido e omissão.
Jesus
refere-se, muitas vezes, à Lei, no desejo de que ela seja cumprida em seu verdadeiro
sentido e em todas as suas exigências. Em seus lábios ressoam as palavras dos
profetas apregoando o direito, a misericórdia e a fidelidade, evidenciando não
ter Ele vindo para abolir a Lei, mas sim para observá-la: “Importa praticar
estas coisas, mas sem omitir aquelas”. De fato, Ele urge a prática do
mandamento do amor a Deus e ao próximo, descurado pelos fariseus e que os
discípulos deverão viver, sem jamais desprezar as demais exigências da Lei. Para
o amor convergem a Lei e as profecias. Escreve S. Cirilo de Alexandria: “Eles descuravam,
como se não houvesse importância tais deveres que são obrigatórios a todos, a
justiça e o amor a Deus”. Portanto, o que move o seguidor de Jesus não é a
vaidade, o desejo de vanglória e o reconhecimento dos outros, mas o cumprimento
da vontade do Pai. Daí as palavras incisivas do Senhor: “Estai atentos a não
fazerdes vossa justiça diante dos homens, para que vos vejam; de outro modo não
tereis recompensa diante de vosso Pai, que está nos céus” (Mt 6,1).
A
seguir, Ele exclama: “Aí de vós fariseus”. Expressão que é interpretada não
como sendo uma condenação, mas um apelo de Jesus à conversão ou à transformação
interior do coração. Ele anseia orientá-los à realização da vontade de Deus,
revelada plenamente em sua pessoa e em sua mensagem. Mas eles, por se julgarem
como os únicos verdadeiros intérpretes da Lei, sentem-se ofendidos e consideram
indevidas as palavras de Jesus. Rejeitam-no e tudo fazem para que o povo não
acolha a sua Palavra. A propósito desse fato, Jesus fala da necessidade de
purificação, entendida não como a limpeza do “copo e do prato”, mas como
purificação interior. Antes de tudo, é preciso ver se o que está dentro de nós
(tò entós) está ou não moralmente limpo, pois só um coração puro, livre “de
rapina e de intemperança”, verá a Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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