Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 16 de Outubro
Reflexão do Evangelho
de Quarta-feira – 16 de Outubro
Lc 11, 42-46: Contra
os fariseus e escribas (II)
Normalmente,
as prescrições da Lei orientam-se para a prática da caridade, beneficiando,
sobretudo, aquele que a pratica. Já os profetas insistiam a respeito da atitude
interior, necessária para que as ações do homem fossem agradáveis a Deus. Aliás,
justiça, misericórdia e fidelidade, destacadas na Lei, forjam um espírito
sereno e equânime naquele que deseja caminhar humildemente para Deus. No seu
modo de viver e em sua pregação, Jesus reporta-se aos ensinamentos dos
profetas, desejando levar seus ouvintes à união com o Pai, retidão da
perfeição. Também os escribas e fariseus. Por isso, ele exorta, direta e
fortemente, os líderes religiosos de seu tempo, chamando-os de cegos e
hipócritas, visando conduzi-los, segundo as palavras de S. Cirilo de
Alexandria, “à prática de julgar, reta e impecavelmente, seus semelhantes sem
abandonar a misericórdia e a sinceridade para com Deus. Pois a justiça, a
misericórdia e a fé em Deus são melhores que o dízimo e as primícias”.
A palavra hipócrita significa usar máscara ou,
ainda, fazer algo para chamar a atenção dos outros sobre si mesmo. Se os
escribas devotavam suas vidas ao estudo da Lei de Deus, eram, no entanto, movidos
pelo desejo de serem vistos como seus únicos autênticos intérpretes. Às demais
pessoas, eles atribuíam numerosas exigências, confundindo-as e fazendo-as perder,
em seu zelo confuso, a perspectiva de Deus e de seus propósitos a respeito da
Lei. Chegaram ao extremo de legislar sobre pequenas e insignificantes coisas, e
esmiuçar os dez mandamentos e os preceitos da Lei em milhares de pequenas
regras e regulamentações a serem cumpridas pelo povo. Por isso, Jesus os
recrimina por negligenciarem o que era mais importante: a justiça, o amor a
Deus e os cuidados devidos aos necessitados, fracos e doentes.
A
Lei mosaica e mesmo as tradições particulares não são abolidas por Jesus, que
as tem em apreço, chegando a dizer que “nelas nos preparamos para as grandes coisas”.
No entanto, para não privilegiar o secundário em detrimento do essencial, Ele não
deixa de corrigi-los. Nesse sentido, Orígenes observa: “As palavras de Jesus
conduzem a uma interpretação que, passando pelo sentido literal, visa chegar ao
significado espiritual”, que traz a lume o essencial de tais práticas. Assim, diante
da prescrição de lavar o interno dos copos, para não se manchar, Orígenes se pergunta:
“Com estas práticas, preparavam-se eles realmente para a purificação do próprio
pecado?”
Por
conseguinte, as palavras severas e duras do Senhor não são palavras de
condenação, mas um forte apelo à conversão e à mudança no modo de pensar, agir
e viver.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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