Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 04 de Outubro


Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 04 de Outubro

Lc 10, 13-16: Ai de ti, Corazim!

 

         Fatos prodigiosos foram realizados em Corazim e Betsaida sem, no entanto, suscitar em seus habitantes a consciência de culpa e, por conseguinte, o reconhecimento do pecado e de sua situação real diante de Deus. Eles não se sentem responsáveis e, muito menos, sujeitos a uma punição pelo mau uso da liberdade. Em sua inesgotável paciência, Jesus lhes dirige um forte apelo à conversão. No entanto, eles permanecem surdos e impenetráveis às suas palavras. Não creem nele. Por isso, destaca Santo Hilário de Poiteirs: “Apesar de os cegos verem, os surdos ouvirem, os paralíticos caminharem, os mortos ressuscitarem, eles não foram despertados à fé”. Rejeitam não só a pregação dos Apóstolos, enviados em missão, mas as próprias palavras de Jesus. A indiferença é grande.

         Na tentativa de levá-los à fé e a abrirem seus corações à misericórdia divina, Jesus refere-se às cidades de Tiro e Sidônia, que, como a Babilônia, se erigiram emblematicamente em cidades, que se perderam por causa do orgulho. Aliás, onde não há humildade, não há arrependimento. Se elas foram condenadas por causa do desmando e da corrupção, ao invés delas, Nínive foi salva graças à penitência e à conversão, livremente acolhidas, após a pregação do profeta Jonas. É o que acontece, o povo reconhece a sua culpa, veste-se de “saco e cobre-se de cinza” e, jejuando, expressa efetiva mudança de vida. Entre esforços e lágrimas, acende-se no coração de seus habitantes o fogo divino. Infelizmente, o mesmo não sucedeu com as duas cidades da Galileia.

         Se em Jesus não há privilégios, também não existem nele medidas particulares, nem a exclusão prévia de alguém ou de um grupo de pessoas. Todos são atraídos por Ele e convocados a crer no Evangelho, “porque Cristo, nossa Páscoa, foi imolado (1Cor 5,7) para destruir o triste império da morte e ganhar para Deus, mediante seu próprio sangue, tudo quanto existe sob o céu” (Melitão de Sardes).  

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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