Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 22 de Outubro


Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 22 de Outubro

Lc 12, 35-38: Prontidão para o retorno do Mestre

        

         O Senhor deseja que todos estejam espiritualmente preparados para a vinda do Filho do Homem. Para melhor compreender o seu desejo, Jesus conta a parábola do “retorno do senhor” após a festa de núpcias. Deus, na figura do esposo, oferece “aos que o esperam” o maior tesouro, seu Reino de paz e de justiça. Eles, porém, correm o risco de perdê-lo, caso não se preparem devidamente para a sua vinda. Sob esta ótica, é que a parábola deve ser interpretada.

A expressão trazer “lâmpadas acesas”, segundo S. Agostinho, significa manter-se vigilante mediante a prática das boas obras, e a frase: “ter os rins cingidos”, cuidadosa instrução dada a Moisés e a Aarão no tocante à Páscoa, para S. Agostinho lembra a imagem da continência, entendida como disposição virtuosa de quem se orienta de acordo com a reta razão, não se deixando guiar pelos movimentos impetuosos das paixões. Nesse sentido, vigilância significa libertar-se do egoísmo e abrir-se ao amor a Deus e ao próximo, pelo que o cristão, nas palavras de Agostinho, “será recompensado, pois terá vencido o que a paixão sugeria e terá cumprido o que a caridade ordenava”.  

         O discurso escatológico de Jesus sobre a necessidade de vigiar culmina com uma exigência prática: colocar-se nos ternos e misericordiosos horizontes de Deus. Portanto, quem é vigilante deixa-se guiar pelo amor divino, que o coloca, como proclama S. Francisco de Assis, “no cumprimento da santíssima vontade do Pai”. Ele será, como “luz do mundo” e “sal da terra”, imensa reserva de silêncio, de paz e de verdadeira vida para toda a humanidade. Concretiza-se a criação boa e durável da história, levando-nos a compreender que a salvação, para os que não conheceram a luz cristã nesta vida, continua a ser presença do mistério da misericórdia divina, jamais considerada segundo nossas medidas humanas. Objetivamente, a humanidade inteira participa da luz da Transfiguração de Jesus, mantendo sempre o pressuposto da liberdade e de uma vida guiada pela reta consciência. Pois, iluminada e guiada pelo Espírito divino, cada pessoa é chamada a celebrar a vida e, no abismo da divina sabedoria, viver a vertigem do amor purificador e santificante do Senhor.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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