Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 25 de Outubro


Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 25 de Outubro

Lc 12, 54-59: Discernir os sinais dos tempos

 

                  Jesus dirige-se “à multidão” dos ouvintes, que está admirada e não sabe discernir o significado de sua vinda, momento essencial do plano divino, e os convida, observa S. Basílio Magno, “a reconhecer a natureza do tempo presente, através dos sinais reveladores da Escritura, e a conformar a Ele as suas ações”. É a última chance oferecida à humanidade para aceder à salvação. É o Ano de graça, proclamado por Jesus em sua pregação inaugural em Nazaré, que permite ao homem passar de um conhecimento, talvez abstrato de Deus, a um encontro pessoal, à comunhão viva com Ele. À constante pergunta dos judeus, também dos Apóstolos, para que ele confirmasse ser o Cristo ou mostrasse o Pai, sua resposta é o silêncio. Urge sim discernir os sinais do tempo. Deus não dá ordens, Ele lança convites: “E quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. O homem pode se fechar à graça divina e dizer não, porém, ao dar o seu sim, no ato de fé, ele atinge o vertiginoso nível do “faça-se”, do “fiat” de Deus na criação.

         Logo no início de sua missão pública, Jesus exorta: “Arrependei-vos e crede no Evangelho”. Com estas palavras, Ele evita um espiritualismo moralizante e conduz seus ouvintes à purificação (cathársis), que compreende a transformação de todo o ser humano, corpo, alma e espírito. No novo tempo, instaurado por Jesus, o apelo “arrependei-vos” adquire força interior capaz de envolver e renovar, tornando novas criaturas os que o acolhem. Instala-se a vitória do bem contra o mal e o pecado. Mas a multidão não o reconhece! Daí a decepção de Jesus: ela lê os sinais meteorológicos do tempo, mas não reconhece sua missão como presença renovadora e transfiguradora do mundo.

O sinal de um novo mundo, dado por Jesus, justamente por Ele não querer se impor e por não proclamar claramente sua divindade, refulge ainda mais vigoroso. Sua simplicidade é avassaladora.  Pasmos, nós o ouvimos simplesmente perguntar: “Crês nisto”? Para os que creem, a autossuficiência humana é abalada, os fantasmas das doutrinas se afastam e manifestam-se as revelações divinas, pois Jesus não é só o objeto da fé, mas é quem a revela. Então, no abismo do nosso coração contemplamos a infinita misericórdia de Deus. E o desejado sinal é finalmente reconhecido: é o próprio Cristo ressuscitado, que, trajando a veste branca da esperança, nos aguarda no silêncio do seu amor. Feliz encontro da graça divina e do livre arbítrio do homem.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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