Reflexão do Evangelho de Domingo – 26 de Janeiro
Reflexão do Evangelho
de Domingo – 26 de Janeiro
Mt 4, 12-17. 23-25:
Retorno à Galileia
Após
a tentação no deserto, S. Mateus anuncia o início da obra messiânica com a
pregação de Jesus na cidade de Cafarnaum, tida pelo profeta Isaias como a região
que “viu uma grande luz”. Desde o início, ao falar às multidões, Jesus declara
que o Reino de Deus não era só iminente, mas que ele era já uma realidade no
meio deles. São conhecidas as suas palavras: “O Reino de Deus está no meio de
vós”, e não como alguns estudiosos traduziram por “em vós” ou “em vossa
interioridade”. De certa maneira, o Reino já está lá no meio de nós, o que
ressalta a importância da pregação de Jesus como manifestação decisiva da
intervenção divina. A adesão do homem é dada pela fé, que, congregando-nos em
torno de Jesus, será partilhada pelas nações, pois todos são chamados por Deus
“ao seu Reino e à sua glória” (1Ti 2,12).
Ao
contrário de João Batista, que via a irrupção do Reino de Deus, sobretudo, como
julgamento, Jesus o apresenta como revelação do amor e do perdão misericordioso
de Deus, sem dispensar o inexorável julgamento final. No entanto, nas palavras
de Jesus predominam a misericórdia inesperada, mesmo quando se refere à justiça,
que se abaterá sobre o pecado e os pecadores. Seu convite ao arrependimento é
constante: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus”. Em seu
coração pulsa o desejo de que todos alcancem e vivam o amor (ágape) e
contemplem o Pai como revelação de um amor não só criador, mas salvador, recriador
do pecador, mesmo daquele que jaz mergulhado em cobiças e ambições. Este não é
só libertado, mas no Filho Jesus, ele se torna filho amado do Pai eterno. Eis a
boa nova do Reino de Deus anunciado e introduzido entre nós!
A
seguir, Jesus escolhe, dentre os pescadores da Galiléia, doze Apóstolos para
segui-lo. Eles são descritos, por S. João Crisóstomo, como “pessoas de humilde
condição, consideradas nada diante do mundo, mas destinadas a conquistá-lo não
com a sabedoria da palavra elaborada, mas com a pregação simples da fé”. Seguir
(akolouthein) significa adesão total e profunda do discípulo, exprime
despojamento de si e fidelidade total até à cruz para ser testemunha
privilegiada de sua ressurreição. Os evangelhos falam de eles o seguirem
imediatamente (euthús), atitude própria de Jesus e dos discípulos no
cumprimento dos desígnios do Pai. Assim como o Mestre sobe, resolutamente, a
Jerusalém para ser crucificado, da mesma forma eles o seguem, sem hesitação,
sem delongas e tergiversações. Desde já, escreve S. Agostinho, “realiza-se o
que Jesus anunciou a respeito do Reino, do qual só participarão os que nele
creem e o seguem”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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