Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 06 de Janeiro
Reflexão do Evangelho
de Segunda-feira – 06 de Janeiro
Mt 4, 12-17. 23-25:
Retorno à Galileia
Após
a tentação no deserto, S. Mateus anuncia o início da obra messiânica com a
pregação de Jesus na cidade de Cafarnaum, tida pelo profeta Isaias como a região
que “viu uma grande luz”. Desde o início, ao falar às multidões, Jesus declara
que o Reino de Deus não era só iminente, mas que ele era já uma realidade no
meio deles. São conhecidas as suas palavras: “O Reino de Deus está no meio de
vós”, e não como alguns estudiosos traduziram “em vós” ou “em vossa
interioridade”. De certa maneira, o Reino já está lá no meio de nós, o que
ressalta a importância da pregação de Jesus como manifestação decisiva da
intervenção divina. A adesão do homem é dada pela fé, que, congregando-nos em
torno a Jesus, será partilhada pelas nações, pois todos são chamados por Deus
“ao seu Reino e à sua glória” (1Ti 2,12).
Ao
contrário de João Batista que via a irrupção do Reino de Deus, sobretudo, como
manifestação de julgamento, Jesus o apresenta como revelação do amor e do
perdão misericordioso de Deus, sem dispensar o inexorável julgamento final. No
entanto, nas palavras de Jesus predominam a misericórdia inesperada, mesmo
quando se refere à justiça que se abaterá sobre o pecado e os pecadores. Seu
convite ao arrependimento é constante: “Convertei-vos, porque está próximo o
Reino dos Céus”. Em seu coração pulsa o desejo de que todos alcancem e vivam o
amor (ágape) e contemplem o Pai como revelação de um amor não só criador, mas
salvador, recriador do pecador, mesmo daquele que jaz mergulhado em cobiças e
ambições. Este não é só libertado, mas no Filho Jesus, ele se torna filho amado
do Pai eterno. Eis a boa nova do Reino de Deus anunciado e introduzido entre
nós!
A
seguir, Jesus escolhe, dentre os pescadores da Galiléia, doze Apóstolos para segui-lo.
Eles são descritos, por S. João Crisóstomo, como “pessoas de humilde condição,
consideradas nada diante do mundo, mas destinadas a conquistá-lo não com a
sabedoria da palavra elaborada, mas com a pregação simples da fé”. Segui-lo
(akolouthein) significa adesão total e profunda do discípulo, exprime
despojamento de si e fidelidade total até à cruz para ser testemunha
privilegiada da sua ressurreição. Os evangelhos falam de eles o seguirem
imediatamente (euthús), atitude própria de Jesus e dos discípulos no
cumprimento dos desígnios do Pai. Assim como o Mestre sobe a Jerusalém para ser
crucificado, da mesma forma eles o seguem, sem hesitação, sem delongas e
tergiversações. Desde já, escreve S. Agostinho, “realiza-se o que Jesus
anunciou a respeito do Reino, do qual só participarão os que nele creem e o
seguem”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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