Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 20 de Janeiro
Reflexão do Evangelho
de Segunda-feira – 20 de Janeiro
Mc 2, 18-22 –
Discurso sobre o jejum
Os
discípulos de João Batista e os fariseus multiplicam jejuns e orações, apesar
de os profetas terem insistido menos sobre a severidade do jejum e muito mais
sobre a conduta justa e caritativa para com o próximo. Em Jesus a voz dos
profetas se plenifica. Embora jejue por quarenta dias, Jesus sugere uma
mudança, senão um novo relacionamento com Deus e com o mundo. A prática do
jejum compreende atos e atitudes que, acompanhados pela oração, servem para
traduzir a humildade, o amor e a esperança do homem. O próprio Senhor, em seu
jejum, declara que “o homem não vive só de pão, mas de toda palavra que sai da
boca de Deus”. Jejua-se não por desprezo ao alimento, considerado dom de Deus,
mas para expressar sua dependência de Deus e a doação de sua vida em favor dos
irmãos. Gesto religioso, o jejum assinala a intenção real de acolher a presença
de Deus e se pôr diante dele. Por isso, justamente por causa da presença do
Senhor entre eles, os discípulos não jejuam, embora Ele não deixe de insistir no
desapego das riquezas (Mt 19,21) e em renunciar-se a si mesmo para levar a cruz
(Mt 10,38s).
Jesus
apresenta-se como o “noivo” das núpcias de Deus com o seu povo. Os discípulos
são descritos como os amigos do noivo. Jesus pergunta aos que o rodeiam: “Podem
os amigos do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles?” Eles não são
obrigados a jejuar, acentua S. Hiláro de Poitiers, “pois o fato de não jejuar demonstra
a alegria dos discípulos com a presença de Jesus. Nesse período, não se há de
jejuar, porque o Esposo está lá e com Ele o tempo messiânico, tempo de núpcias,
de abundância e de alegria”. Mas ao dizer: “quando Ele lhes for tirado”, Jesus
evoca a sua morte, também a sua ascensão, então eles jejuarão, no dizer de S.
Basílio Magno, “para proclamar que suas vidas estão orientadas para as
realidades que ultrapassam os bens simplesmente materiais e carnais”. O olhar
deles estará voltado à contemplação de Deus, devendo, no entanto, desde já, saciar
uma fome diferente, a fome da bondade e da misericórdia, do perdão e do amor.
Por conseguinte, o jejum torna o discípulo mais leve e o seu coração ardente
de amor a Deus e ao próximo. Orígenes remete-nos ao fundo de nossa alma, “onde
se encontra uma imagem de Deus escondida. Cabe-nos liberá-la da terra e purificá-la
de toda sujeira para encontrarmos a água viva, aquela água da qual diz o
Senhor: “Quem crê em mim, de seu seio jorrarão rios de água viva” (Jo 7,38). Certa
vez, o abade Pambo interrogou o abade Antônio: “O que devo fazer? O ancião lhe
disse: Não confies na tua justiça, não te aflijas com o passado, mas ponhas freio
à tua língua e ao teu ventre”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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