Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 30 de Janeiro
Reflexão do Evangelho
de Quinta-feira – 30 de Janeiro
Mc 4, 21-25: Como receber
e transmitir a mensagem de Jesus
Se
o pecado é “o sonho da alma”, a vida espiritual é o crescimento na graça e na
luz divina. Por isso, para transmitir a mensagem do Reino de Deus, Jesus
emprega a imagem da luz ou da lâmpada, bastante familiar ao precursor João
Batista, também a Ele, que permanece oculto sob a humildade de sua “carne” e de
sua Palavra. Aliás, no mundo antigo a lâmpada tinha uma função muito mais
importante do que em nossos dias. Para os judeus a luz exprime a beleza
interior do homem e é reflexo da glória de Deus, manifestação de sua bondade e
verdade. O salmo (104,2) a descreve como a vestimenta em que Deus se envolve e “a
sua palavra é a lâmpada que guia os nossos passos”.
Em sua benevolência,
Jesus ilumina, com sua luz sem ocaso, sem mudança, jamais eclipsada, as trevas
de nossa vida, comunicando alegria e paz. Ele é a luz que brilha nos corações
dos que creem em sua palavra e os torna capazes de contemplar a realidade
divina do Reino de Deus. Juntos com São Sofrônio, podemos dizer: “Levamos em nossas
mãos círios acesos para significar a luz eterna daquele que vem a nós. De nossa
alma afastam-se as terríveis trevas e somos iluminados com o resplendor de Cristo”.
Colhidos entre ambas, temos que optar, sermos “filhos das trevas” ou “filhos da
luz”. Todos os que são dignos da luz
divina, são purificados interiormente e afugentam de seus corações as trevas do
erro, da mentira e do pecado. Revistamos as armas da luz, no dizer de S. Paulo,
e andemos na luz, pois ela é o calor que nos acalenta no amor a Deus e ao
próximo, “por acaso, acende-se uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma cama?”
Nestas palavras do Mestre, Clemente de Alexandria percebe a séria interrogação:
“Para que serve uma sabedoria que não torna sábio quem é capaz de entendê-la?”
Iluminados
interiormente, chamados “luz do mundo”, Jesus antevê, no fundo dos nossos
corações, “o bem presente em nós”, concedido pelo próprio Deus, capacitando-nos
para anunciar os seus ensinamentos. Este dom gratuito do amor divino leva S.
Agostinho a exclamar: “Sejamos dispensadores e não usurpadores”, pois recebemos
para dar e não para reter. A Palavra de Deus, desejada e amada por nós, ilumina-nos
e nela tornamo-nos transmissores da mensagem do Senhor, porquanto soa, no
silêncio do nosso coração, a recomendação do Mestre: “Cuidai do modo como
ouvis, porque ao que tem, será dado; e ao que não tem, mesmo o que tem lhe será
tirado”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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