Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 07 de Janeiro

Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 07 de Janeiro
Mc 6, 34-44 - Multiplicação dos pães (primeira)
        
Logo após ter recebido a notícia da morte de João Batista, Jesus retira-se para um lugar solitário, a fim de orar e refletir. “Ele o faz, observa S. Jerônimo, não por temer a morte, mas para impedir que os seus inimigos acrescentem um homicídio a outro ou para estender o momento de sua morte até à Páscoa”. Segundo o parecer de S. João Crisóstomo, Jesus se retira “por não desejar que a sua identidade fosse desde já conhecida”.
        Mas a multidão não o abandona, segue-o, talvez movida por curiosidade ou por gratidão pelos benefícios recebidos. O dia declina, o lugar é deserto e a multidão não tem com que se alimentar. Ao vê-la, Jesus “teve compaixão dela” e, percebendo que ela estava faminta, pergunta a Felipe: “Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer?” Ele bem sabia, diz o Evangelho, o que havia de fazer. Àquela multidão de cinco mil pessoas, ele vai manifestar a generosidade e a ternura do seu coração. O seu amor remove todas as barreiras e Ele mostra aos Apóstolos que está pronto a intervir para socorrê-la. De fato, “todos ficaram saciados, e ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços que sobraram”.
         Maravilhado com a infinita bondade e misericórdia do Senhor, Eusébio de Emésia exclama: “Num lugar ermo, Aquele que lá está, está pronto a saciar a fome do mundo”. Fome não só de pão, não só da lei de Deus, mas fome de algo mais, “do pão de Deus, pão que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo 6,33). Este pão será dado em benefício de todos e de modo superabundante e dele viverá o novo povo de Deus. A sua distribuição caberá aos Apóstolos, designados pelo Senhor como anunciadores da Palavra de Deus a todos os povos e nações. À ceia do Messias todos os famintos estão convidados.  
         Jesus, como pastor de Deus, cuida do seu povo no deserto. Ele toma em suas mãos os cinco pães e os dois peixes e levanta os olhos para o céu, rendendo graças a Deus, “para dar glória Àquele, diz S. Hilário de Poitiers, de quem Ele procedia: não que lhe fosse necessário olhar o Pai com seus olhos de carne, mas para que a multidão compreendesse de quem provinha tal poder”. Se no deserto, Deus alimentara o povo judeu com o maná do céu, agora, a multidão é alimentada com o pão oferecido por Jesus, sinal do pão celestial, alimento de ressurreição, que é a eucaristia. Perante esse fato e vendo-o como anúncio do pão da vida, proclama S. Hipólito de Roma: “Quem come a Vida não pode morrer”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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