Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 09 de Janeiro

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 09 de Janeiro
Lc 4, 14-22: Jesus em Nazaré
        
         Após a vitória sobre a tríplice tentação no deserto, Jesus vai a Nazaré. Na sinagoga, os habitantes da cidade estão atentos às suas palavras, pois muitos tinham ouvido falar de seus ensinamentos e dos milagres realizados por Ele. Jesus perscruta os corações e, percebendo a incredulidade enraizada no coração de seus ouvintes, volve os olhos para eles, no desejo de tocá-los e levá-los à conversão. Mas diante da resistência recalcitrante de seus ouvintes, ele eleva sua voz e, em tom mais severo, declara que nenhum profeta é ouvido em sua própria terra, nem é reconhecido pelos seus parentes. Palavras chocantes. Os gentios, pelo contrário, demonstram mais fé em Deus do que os escolhidos de Israel. Para exemplificar, ele cita Elias, que foi enviado a uma viúva, em Sarepta, na região da Sidônia, enquanto tantas outras viúvas viviam em Israel; também recorda que, no tempo do profeta Eliseu, “havia muitos leprosos em Israel, todavia, nenhum deles foi curado, a não ser o sírio Naamã”. Suas palavras os deixam atônitos e lhes parecem ofensivas, pois, naquela época, os judeus julgavam os gentios, isto é, os estrangeiros como pessoas distantes de Deus e, por conseguinte, excluídas da Aliança divina. O próprio Evangelista relata que “diante destas palavras, todos na sinagoga se enfureceram”.
Mas sua paciência não tem limites. Ao ler o texto do profeta Isaías, Jesus estabelecera a conexão entre o Espírito e a pobreza, necessária aos verdadeiros discípulos, e a prece. Ao fixar a relação íntima entre estes elementos, Ele quer que todos se reconheçam pobres, condição necessária para rezar como convém. Seus ouvintes não o entendem. Jesus não se intimida. Pelo contrário. Refletindo indignação, com voz segura e, ao mesmo tempo, compassiva, Ele os declara cegos perante a misericórdia de Deus e de seu plano de salvação para todos os povos.
Com efeito, considera Orígenes, “ele acabara de ler uma profecia sobre a salvação realizada pelo Messias. Salvação que irrompia agora no mundo através do seu ministério. Era o ano da graça e do perdão do Senhor”. Ao rejeitá-lo, a população não acolhe a misericórdia divina, levando-o a não realizar milagres, conforme comenta S. Ambrósio, “para não pensarmos que sejamos constrangidos pelo amor à pátria. Na realidade, aquele que amava todos os homens não podia deixar de amar os seus concidadãos, mas eles mesmos, comportando-se de modo invejoso, renunciaram o amor à pátria”.  Então, exclama S. Cirilo de Alexandria, “Jesus reporta-se aos pagãos, que o acolheriam e seriam curados de sua lepra”.  


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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