Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 08 de Janeiro
Reflexão do Evangelho
de Quarta-feira – 08 de Janeiro
Mc 6, 45-52 - Jesus caminha sobre as águas
Após
despedir o povo e enviar os discípulos para a outra margem do lago, “Jesus
subiu ao monte, a fim de orar”. Retira-se para a montanha, para perto de Deus.
Silêncio e solidão. Logo após, ele vai ao encontro de seus discípulos, que, num
barco, se dirigiam a Cafarnaum. A tarde já ia avançada quando Jesus se aproxima
deles “caminhando sobre o mar”. Soprava um vento forte e impetuoso. Eles
avistam, em meio às águas encapeladas, um vulto que se aproxima.
Vindo
sobre as águas, Jesus faz menção de passar adiante, como o fez com os
discípulos em Emaús. Provocação para despertá-los à responsabilidade da
liberdade, pois Deus é aquele que passa. Assim se deu na primeira Páscoa do
Egito ou nas grandes visões de Moisés ou de Elias. Também agora com a sua vinda
entre os homens. Por isso, destaca S. João Crisóstomo, ele “não acorre
imediatamente para salvar os discípulos, mas os instrui, através do temor, a
afrontar os perigos e aflições”.
Assustados, eles
ouvem a voz serena do Mestre: “Sou eu, não temais”. Não é um fantasma, é o
próprio Jesus. A expressão “não temais” significa “crede unicamente” e soa como
um apelo aos Apóstolos para estarem abertos interiormente à presença divina,
sempre surpreendente, e, assim, no dizer de S. Gregório de Nissa, “poderem
penetrar no santuário do conhecimento de Deus”. Por isso, conclui Jesus: “Sou
eu” para lembrar aos Apóstolos as manifestações inauditas de Deus, conduzindo o
povo de Israel no deserto. Ele é presença, na história, do Deus “inefável”, que
acompanha o seu povo à Jerusalém celeste.
Uma exigência é feita: confiança e entrega
irrestrita. Atitude fundamental, graças à qual seus discípulos alcançarão a pureza
interior no generoso “fiat”, cuja recompensa é o encontro com o Senhor, em sua
pobreza amorosa. Confiando nele, eles atingirão a serenidade (apátheia) e o
repouso (hesychía), significados no fato de ele caminhar sobre as águas e
apaziguar o mar. Caso afundem ou vacilem, não lhes faltará sua mão misericordiosa.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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