Reflexão do Evangelho de Quarta-feira – 12 de Março
Reflexão do Evangelho
de Quarta-feira – 12 de Março
Lc 11, 29-32: O sinal
de Jonas
Jesus veio solicitar a atenção, a
acolhida da humanidade a fim de prepará-la para receber a Palavra de Deus. Sua
presença irradia a Sabedoria divina e o amor benevolente do Pai, que quer estabelecer
com a humanidade a nova e eterna Aliança. A resposta à Palavra, totalmente
comunicada por Jesus, é consentimento, abandono, entrega total da parte do
homem ao desígnio salvador: recebida com fé, ela induz à obediência e à
comunhão com Ele. Ora, os escribas e
fariseus, em sua incredulidade, fecham seus corações a Jesus e não confiam em
suas palavras. Eles não o reconhecem como o Filho de Deus. Apesar disso,
pedem-lhe um sinal do alto. Em sua resposta tranquila e serena, Jesus se
reporta ao profeta Jonas e o apresenta como prenúncio de sua morte e ressurreição
e o povo de Nínive como figura do novo Povo de Deus. O fato de os fariseus e
escribas pedirem um sinal pode corresponder a um simples costume judaico, visando
autenticar a pregação de um mensageiro de Deus. Mas em relação a Jesus, já há um
julgamento prévio da parte deles. Incapazes de ouvir as palavras de Jesus com fé,
eles afirmam que as palavras e os sinais realizados por Ele são obras do demônio.
A resposta de Jesus é imediata. Com palavras duras e severas, Ele os compara a
uma geração adúltera e perversa.
O Mestre, porém, não
deixa de exortá-los. Sua admoestação, embora áspera, implica docilidade, não
simplesmente intelectual, mas viva e vital, pois o conhecimento de sua Pessoa
resulta da Palavra recebida com fé. Ele deseja comunicá-la para conduzi-los à
comunhão com o Pai. Mas seu poder é poder de amor, e o amor respeita a
liberdade deles. Tudo depende da verdadeira liberdade da fé, graça divina
acolhida, que descerra os olhos do coração e os abre à contemplação da verdade
divina. A fé não é obediência abstrata a um imperativo categórico, mas
pressupõe o livre dinamismo da natureza humana, em sua orientação para Deus. De
fato, ao apelo de Jonas, os ninivitas respondem livremente e, em sua pregação,
reconhecem o próprio Deus exortando-os à penitência e ao arrependimento. A
rainha do sul reconhece a sabedoria de Deus manifestada em Salomão. Entretanto,
os líderes religiosos não acolhem os sinais feitos por Jesus e, assim como João
Batista fora rejeitado, agora eles não acolhem os sinais realizados pelo
Messias, o Ungido de Deus, e rejeitam a sua mensagem.
Ao
longo da vida do Senhor não faltam sinais e milagres, cujo objetivo jamais foi manifestar
o seu poder ou exibir a sua sabedoria. A prioridade era a missão e o desejo de
preparar os discípulos para o maior de todos os milagres: a sua Ressurreição
dos mortos, no terceiro dia. Confessa S. Pedro Crisólogo: “A fuga do profeta
Jonas é figura do próprio Senhor. O terrível naufrágio simboliza sua morte e
ressurreição. Aos judeus que pediam um sinal, Ele decidiu dar um único sinal,
para que eles soubessem que a glória messiânica é transferida às nações, a
todos os povos. Portanto, com toda justiça, conclui Jesus, os ninivitas hão de se
levantar no dia do Julgamento e condená-los, pois eles fizeram penitência por
força da pregação de um único profeta. E esse profeta era um náufrago, um
estrangeiro, um desconhecido”. Urge, portanto, corresponder à Palavra de Jesus,
que “oferece, escreve Orígenes, não dons corruptíveis como o ouro ou os aromas,
mas sim o perfume espiritual da fé, o suor da virtude e o sangue do martírio”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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