Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 06 de Março
Reflexão do Evangelho
de Quinta-feira – 06 de Março
Lc 9, 22-25: Condições
para seguir Jesus
As
palavras de Jesus refletem doçura e respeito à liberdade: “Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Sem a experiência da
liberdade, o homem não se compreende e jamais será um ser responsável. Por
isso, salienta S. João Crisóstomo: “Deus não força, não constrange, mas torna
cada um senhor da sua livre escolha”, pois a sua missão é resgatar, na
misericórdia e no amor, os corações despedaçados e a humanidade pecadora. Sem
dúvida, há os que se opõem à reconciliação, levando o Mestre a intimar seus
ouvintes a tomar consciência de sua liberdade positiva e escolher, de modo
claro e firme. Com palavras bastante incisivas, Ele proclama: “Quem quer salvar
a vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim vai
encontrá-la”. Os Apóstolos e muitos outros mártires são um exemplo da
necessidade de escolher para se tornar digno do Senhor. Ao optarem por Cristo,
eles declaram a vitória do amor contra o reino das trevas e do egoísmo, que
deseja desviar-nos do bem para o mal, da verdade para a decepção, da luz para
as trevas, da vida para a morte. Batalha espiritual, na qual não há meio termo.
Não se pode deixar de escolher.
No
entanto, ao contemplar a distância de Deus, enunciada pelo Eclesiástico, Isaías
lança um grito profundamente humano: “Oxalá que fendesses o céu e descesses até
nós” (63,19). Jesus veio a nós e conferiu aos discípulos a missão de levar
todos ao encontro pessoal com Deus. Missão que inflama o coração do Apóstolo S.
Paulo, que deseja conduzir judeus e gentios à participação do inefável mistério
do amor divino. Estabelece-se, então, o diálogo de fé, em que a voz de Deus
parece tornar-se inaudível, ela é quase silêncio. Mesmo assim ela exerce uma
pressão infinitamente delicada, porém jamais irresistível. Deus não usurpa a
liberdade humana, Ele é seu maior defensor. Ela se exprime como comunhão de
amor que, dilatando o coração humano, o torna disponível para servir os seus
semelhantes. No encontro com Deus, o Pai não impõe sua paternidade, mas suscita
uma relação de reciprocidade, de modo que em seu Filho Jesus, todo ser humano é
filho de Deus e, na pessoa de Cristo, ele pode dizer: “Abba, Pai”.
Portanto,
no seguimento de Jesus, o despojamento e a renúncia situam-se positivamente no interior
da prática do bem, de sorte que S. Francisco de Assis, ao despojar-se das riquezas
materiais e das glórias humanas, sente-se livre para servir a todos,
especialmente, os mais pobres, fazendo-se um deles. Em seu coração arde o amor
pelo Senhor, que o leva a passar horas e noites exclamando: “Meu Deus e meu
tudo!” E, saboreando essas palavras, com lágrimas nos olhos, repetia
incansavelmente: “O Amor não é amado”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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