Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 21 de Março

Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 21 de Março
Mt 21, 33-46: Parábola dos vinhateiros homicidas
        
         Vendido pelos irmãos, como escravo, José reconcilia-se com a sua família e a acolhe em sua casa, no Egito. Prenúncio de Jesus que, traído por um de seus discípulos e estendido no lenho da cruz, torna-se presença de salvação para a família humana. Ao refletir paz, calor interior, luz divina e misericórdia, as parábolas retratam a benevolência de Deus e seu carinho para com todos. Assim, na medida em que as lemos, afastam-se de nós a frieza interior e a insensibilidade da alma, pois o ardente amor de Deus e a sua divina luz acaloram e iluminam nossos corações e espíritos.  
Ao descrever, na parábola dos vinhateiros homicidas, o envio de numerosos mensageiros, Jesus assinala a solicitude e a providência benevolente do Pai, que envia, ao longo do tempo, mensageiros para cobrar-lhes a parte que lhe cabia. No entanto, eles são rejeitados, maltratados, por vezes, mortos e mesmo os que retornam ao dono da vinha trazem as mãos vazias. Exclama S. João Crisóstomo: “Apesar de terem sido objeto de uma tão grande solicitude, os vinhateiros, representando o povo da Aliança, superaram os pecadores e os publicanos, em sua atitude sanguinária e isto desde o início”.
Finalmente, o pai envia seu próprio filho, designado na parábola como “o herdeiro”, julgando que eles iriam respeitá-lo. Mas a crueldade atinge o auge. De fato, a parábola descreve a sanha dos vinhateiros, que se armam, de forma agressiva e violenta, contra o filho-herdeiro enviado pelo pai. Eles procuram desembaraçar-se do filho e herdeiro e, movidos pelo desejo de se apoderarem da herança, matam-no.  Por isso, no final do relato, Jesus conclui: “Eu vos afirmo que o Reino de Deus vos será tirado e confiado a um povo que produza seus frutos” (v.43). Diante destas palavras, S. Irineu declara: “Com efeito, o Senhor Deus consignou a vinha, já não cercada, mas dilatada por todo o mundo, a outros colonos que dêem fruto ao seu tempo, com a torre de eleição levantada no alto firme e formosa; porque em todas as partes resplandece a Igreja; e, em cada lugar, está cavado, ao redor, o lagar, pois sempre há os que recebem o Espírito”.
         Os vinhateiros homicidas representam os que se fecham à bondade misericordiosa do Pai celestial, que, através de seu Filho, oferece a reconciliação a todos. Porém, nem todos a acolhem. Daí a exortação de S. Agostinho: “Que se desperte no homem ‘a sede interior’, que se lhe abra ‘o olhar interior’ e ele possa contemplar a luz, luz que ninguém poderá obscurecer”. Quem a abraça permanece em profunda e inenarrável comunhão com Deus, sente-se solidário com Cristo, melhor, incluído em Cristo, e assim, regenerado e restaurado em sua grandeza, “acolhe em si a glória de Deus” (S. Irineu) e torna-se coerdeiro do Reino dos Céus.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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