Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 28 de Março
Reflexão do Evangelho de Sexta-feira – 28 de Março
Mc 12, 28-34: O maior mandamento
A
humanidade de Cristo é o caminho para atingir a sua divindade e para participar
da vida de Deus; é fonte e mediação de nossa piedade e de nossa ação
benevolente para com nossos semelhantes. Em seu amor, Jesus vem a nós, tomando
a forma de servidor para resgatar a humanidade e reconciliá-la com o Pai. O
homem já não é mais só. Sua vida, ele vive com Deus, e Deus a vive no homem e
com ele. Assim, o progresso de nossa vida cristã é determinado em função do
desenvolvimento da verdade da fé, mediante a prática da bondade (eros), que nos
conduz à contemplação no amor (ágape).
O ato
supremo da vida humana é um estado, graças ao qual o homem conhece o Deus de
amor, amando-o como Jesus nos ama: “de todo o coração, de toda inteligência e
com toda a força”. No amor, participamos da intimidade divina, pois Cristo
encarnado, crucificado, glorificado, torna-se para nós lugar de ressurreição, elevando-nos
até Deus, na mesma medida em que Ele se humilhou por amor, assumindo nossa
humanidade.
O
ardente e infinito amor de Deus por nós dissolve todo rancor e ódio em nossos
corações, de maneira que compreendemos o amor como o primeiro e maior
mandamento, anunciado por Jesus: amar a Deus e nele amar nosso próximo como a nós
mesmo. Aliás, é a resposta dada pelo doutor da Lei a Jesus, que lhe diz ser
esse preceito melhor que “todos os holocaustos e todos os sacrifícios”. Com
efeito, o amor a Deus invade-nos de tal modo que é no seu próprio amor que
amamos aos nossos semelhantes, quaisquer que eles sejam. E isso vale mais do
que todos os bens humanos, a tal ponto que exclamamos: “É impossível conceber
tão grande amor! Senhor, diante do amor a nós concedido, só podemos adorar-vos
e agradecer-vos”.
Ao
escrever aos irmãos da Igreja de Roma, o Apóstolo S. Paulo, exortando que eles
pratiquem o amor em toda a sua pureza, declara: “Que o vosso amor seja sem
hipocrisia”. Não é uma simples recomendação entre tantas outras, mas ela nasce
da mútua confiança e da benevolência, “forma mais alta, comenta S. Agostinho,
de amizade que traz doçura ao coração e é honesta”. O próprio Jesus diz aos
Apóstolos que não os chama de servos, mas sim de amigos. É a amizade (philía),
que expressa o amor (ágape) em sua ternura e sugere a reconciliação com Deus e
com os irmãos, com os quais nos relacionamos sem hipocrisia (anhypòcritos). O
Senhor anuncia o amor sincero e a necessidade de amar o outro intensamente, “de
verdadeiro coração”, que, no Evangelho de S. Mateus, é definido como o “lugar”
em que se definem as ações do homem, o que é puro ou impuro (15.19).
Portanto,
o amor cristão deve provir do interior, do coração e as obras de misericórdia
não são práticas exteriores, mas elas resultam do nosso interior, de nossas
vísceras, e expressam a compaixão, “que nos permite falar livremente a Deus”
(Apoftegma, Pambo, 14), pois “o amor, segundo Orígenes, identifica-se com o caminho
que nos conduz à amizade com Deus e à vida ensinada por Jesus”
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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